O discurso polêmico feito nessa
terça-feira (30) pelo senador Mário Couto (PSDB-PA), no qual pediu ao Supremo
Tribunal Federal que, depois de condenar os envolvidos no escândalo do
Mensalão, também apreciasse processos que envolvem integrantes do Congresso
Nacional, voltou a ser debatido por senadores em Plenário nesta
quarta-feira (31). Ana Amélia (PP-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e Eduardo Suplicy
(PT-SP) cobraram de Mário Couto que ele dê os nomes dos “ladrões” que disse
existir na Câmara dos Deputados e no Senado Federal e que não tratasse o
assunto de forma generalizada.
- Na minha terra, há um ditado que diz ‘quem cala consente”. Eu não posso me calar. O senador Mário Couto jogou sobre os parlamentares desta Casa uma suspeita. Gostaria muito que o senador dissesse quem é o ladrão e não que fizesse afirmações generalizadas – reclamou Ana Amélia.
A senadora argumentou que imunidade parlamentar pressupõe responsabilidade e que todo o Senado “sangrou” este ano com a cassação do colega Demóstenes Torres. Sendo assim, “enxovalhar” a instituição de forma geral não seria um “bom serviço” à Casa e ao país. Já Pedro Taques (PDT-MT) defendeu que, se existem um ou mais ladrões no Congresso, a obrigação de um senador é dizer seus nomes.
- Acredito na coragem do senador Mário Couto e nós temos de dar nomes aos bois: quem é ladrão tem de ser chamado de ladrão. Eu não sou ladrão e fiquei preocupado com essa generalização – acrescentou, no que foi apoiado pelo senador Eduardo Suplicy.
Em resposta aos colegas, Mário Couto afirmou que existem senadores que respondem a mais de 40 processos no Supremo Tribunal Federal e deputados federais com dezenas de processos na Justiça. Por isso, ele vai encaminhar ao Supremo Tribunal Federal ofício pedindo que esses processos sejam colocados em julgamento imediatamente. A intenção, explicou, é aproveitar o momento de limpeza da política, iniciado com a condenação dos réus do Mensalão.
- Eu vou ao Supremo Tribunal Federal, bater de porta em porta, de ministro em ministro, pedindo analise de processos que estão engavetados há anos e anos. Quero dizer aos ministros que aproveitem a oportunidade para limpar o Senado Federal, para limpar a Câmara Federal, que julguem com urgência aqueles processos que estão lá envolvendo senadores e deputados. Isso é a coerência de um senador que quer limpar esta Casa – explicou.
Mário Couto citou nominalmente apenas o petista José Genoino, condenado pelo STF por corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do Mensalão e que pode assumir a vaga de deputado federal em janeiro, em substituição a um dos parlamentares que foram eleitos prefeitos no estado de São Paulo. Mário Couto não revelou outros nomes, justificando que, ao anunciá-los, incorreria no artigo 14 do Regimento Interno do Senado Federal que daria aos citados o direito à palavra em Plenário.
O senador disse ainda que não se permite mais conviver com essas pessoas, por não concordar, por exemplo, com a desigualdade financeira que elas demonstram em relação aos parlamentares “probos e de caráter”, que precisam de salário para sobreviver com suas famílias.
Mesa Diretora
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) disse que levará o caso à próxima reunião da Mesa Diretora do Senado, para que episódios “lamentáveis como esse não se repitam”. A senadora ressaltou que todos os senadores merecem respeito.
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