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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Jucazão pede perdão a Dilma por frases de Jucazinho.

Ag. Senado

A exemplo de outros de sua espécie, Romero Jucá (PMDB-RR) dedica-se à arte de ocupar posições na máquina pública.

Jucá ocupa porque a apropriação de pedaços do Estado lhe é politicamente lucrativa. Como deixam que ocupe, fez da ocupação uma terapia ocupacional.

O senador poderia ser chamado de Vício. Mas todo mundo o chama, carinhosamente, de líder do governo –outro de seus hábitos orgânicos e consentidos.

Nesta segunda (1o), o Vício foi à presença de Dilma Rousseff. Desculpou-se pelo comportamento do irmão Oscar Jucá Neto, o Jucazinho.

"Foi um absurdo o que ele fez, eu desaprovei a sua conduta”, disse Jucazão aos jornalistas, na saída do Planalto.

“Pedi desculpas à presidente e já tinha também conversado com o ministro Wagner Rossi [Agricultura]”.

Jucazinho foi desaprovado por Jucazão pelas palavras, não pelos atos que levaram à sua demissão da Conab, a estatal alimentícia de abastecimento.

O irmão do eterno líder estava lotado na diretoria financeira da Conab (o Vício é vidrado nessas cadeiras próximas dos cofres).

Foi mandado ao olho da rua depois de ser pendurado nas manchetes de ponta-cabeça. Liberou R$ 8 milhões a uma empresa que tem como sócios um par de laranjas.

Até aí, nada que inspirasse em Jucazão reparos à conduta. O problema é que, levado ao meio-fio, Jucazinho levou os lábios ao trombone.

Em timbre de denúncia, referiu-se à Conab como centro de malfeitos. Insinuou que o ministro Rossi, um chegado de Michel Temer, tentara comprar o seu silêncio.

Como se fosse pouco, pronunciou a fatídica frase sobre a pasta à qual estava vinculado: “Ali só tem bandido”, disse, referindo-se ao Ministério da Agricultura.

Jucazão, que pegara em lanças contra o afastamento de Jucazinho, jura que o irmão acionou o trombone por conta própria.

Em plena Era da tecnologia, os Jucá se desencontraram: “Ele viajou, eu não sabia que ele daria entrevista. Tenho que discordar da sua postura."

Consumado o pedido de desculpas, Jucazão acredita que as denúncias de Jucazinho não farão do PMDB um PR. A faxina dos Transportes não chegará à Agricultura.

"A oposição vai tentar fazer uma onda por motivação política”, afirmou o Vício.

“Mas a presidente entendeu minha posição, disse que o [ministro] Wagner está averiguando as acusações."

Beleza. O ministro que Jucazinho apresentou como comandante virtual do “esquema” é quem vai verificar se há “bandido” no organograma da Agricultura.

Quer dizer: afora o constrangimento causado ao irmão, as palavras de Jucazinho resultarão em nada.

Nesse ritmo, Romero Jucá acaba se cansando de sua própria influência. Não aguenta a liderança do governo nem mais dez anos.

Escrito por Josias de Souza

Um comentário:

  1. É a subserviência transpondo a barreira da individualidade e alcançando os laços familiares. É o fundo do posso de uma relação política na busca, puramente, das benesses do poder. Uma vergonha institucionalizada.

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