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DE SÃO PAULO A Corregedoria do Ministério Público decidiu investigar os fatos envolvendo o procurador e professor do Mackenzie Paulo Marco Ferreira Lima.
De acordo com o órgão, a investigação será presidida pelo corregedor-geral, Nelson Gonzaga de Oliveira, e acompanhada por três procuradores de Justiça, ainda a serem indicados.
Na última sexta-feira, Paulo Marco ameaçou dar voz de prisão a uma aluna que questionou seus métodos de ensino.
O caso ganhou mais repercussão quando o irmão do procurador, o também professor do Mackenzie Marco Antonio Lima, saiu em defesa de Paulo Marco e acusou a aluna, em sua página no Facebook, de racismo.
Por enquanto, a corregedoria não decidiu se vai investigar também Marco Antonio.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, em nota, disse que está apurando a discussão entre professor e aluna. Até esta terça-feira, o caso ainda era apurado uma instância abaixo, na Faculdade de Direito.
No comunicado, divulgado na noite desta quarta-feira, a instituição chamou o ocorrido de "um fato isolado envolvendo um docente recém-contratado" e disse que "todas as medidas serão tomadas pela Reitoria".
O CASO
De acordo com Rodrigo Rangel, diretor do centro acadêmico, a aluna abordou Paulo Marco no corredor da faculdade e ambos discutiram. O professor seguiu então para uma sala de aula, fechou a porta e a aluna tentou forçar a abertura.
Foi neste momento que o professor, evocando a sua condição de procurador, ameaçou mandar prender a estudante, relatou Rangel.
"Ele me disse: `Nesse momento eu me dirijo a você não como professor, mas como procurador de Justiça. Se você não parar de se dirigir a mim ou ao segurança, vou te dar voz de prisão"', relata a estudante, que não quer ser identificada.
Lima não nega ter ameaçado prendê-la, mas diz que foi obrigado porque "ela passou de todos os limites".
"Ela me ofendeu muito mais do que poderia. Nunca houve voz de prisão, só houve a intenção de fazê-la parar com as agressões", conta.
A aluna foi conduzida à direção da faculdade e os ânimos se acalmaram.
No domingo (28), o centro acadêmico publicou uma nota de repúdio pedindo esclarecimentos ao professor. A nota, porém, provocou reação dos alunos, que consideraram inadmissível a atitude do professor.
O irmão de Lima, que também é procurador e professor da universidade, saiu em defesa do seu irmão lembrando sua origem humilde e sua afro descendência.
Em sua página no Facebook --depois apagada--, o professor relata que ela chamou seu irmão de "negro sujo", afirmando "preto não pode dar aula no Mackenzie".
"Essa postura, além de criminosa, é incompatível com a tradição mackenzista, primeira escola a aceitar filhos de abolicionistas", disse o professor.
A aluna, que é bolsista do ProUni (programa do governo que dá bolsa de estudo a alunos carentes), nega que tenha usado expressões racistas. "Eu nunca faria uma coisa que pudesse me fazer perder a bolsa [integral]."
Lima não quis falar sobre os comentários do irmão."Não vou transformar o ocorrido numa questão racial."
Procurada, a universidade disse que apura o caso.
Já que alega está à aluna em flagrante delito, resta lembrar ao “divino” mestre: segundo o Código de Processo Penal, em seu Art. 301, qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes (que não é o caso do procurador) deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Meu caro professor/procurador, não necessitava invocar sua carteira senão para agir com truculência, buscar demonstrar desnecessariamente autoridade e usar de sua condição de servidor público em proveito próprio apenas para aparecer. Caro mestre, não me resta outra qualificação para lhes conceder que não a de estúpido, truculento e incapaz de conviver com a democracia e o contraditório.
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