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sábado, 26 de novembro de 2011

Ministro chora e nega ordem para fraudar parecer de obra.




Ministro diz que assessor é ‘de confiança’, mas nega ter mandado alterar parecer.


Negromonte admitiu em entrevista à rádio ‘Estadão ESPN’ que o chefe de gabinete solicitou a revisão da nota técnica que abriu caminho para a implantação do projeto de VLT em Cuiabá.

O Estado de S.Paulo

O ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), admitiu na sexta-feira, 25, em entrevista à rádio Estadão ESPN, que seu chefe de gabinete, Cássio Peixoto, é "de confiança", mas negou ter dado ordens a ele para que fosse alterada a nota técnica número 123/2011, fraude que respaldou a implantação do projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, avaliado em R$ 1,2 bilhão, para a Copa de 2014.
 
Valter Pontes/AE
Negromonte, emocionado, em lançamento de programa habitacional, ontem em Salvador

Negromonte disse ainda que não teve conhecimento do parecer da Controladoria-Geral da União (CGU) que reprovou o projeto de VLT e alertou que ele não será concluído antes de 2014. O parecer da CGU foi enviado ao secretário nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiz Carlos de Lima. "Não tenho conhecimento disso. Apenas a CGU analisou a documentação do Estado de Mato Grosso. Analisou a proposta do Estado. E não foi contrária", disse o ministro, ignorando a existência do parecer também revelado pelo Estado na edição de ontem.

Ao manifestar-se pela primeira vez sobre a fraude na pasta, revelada pelo Estado na edição de quinta-feira, o ministro mostrou-se evasivo e impaciente, disse que não vai prejulgar nem demitir servidores, e desligou o telefone, abandonando a entrevista aos 11 minutos.

"O Cássio é uma pessoa da confiança e ele faz parte do G-Copa. Ele solicitou que reanalisassem o projeto. Agora (ele) não pediu a meu mandado não, hein, companheiro! Não mandei. Ele disse a mim que pediu (a reavaliação do parecer técnico da pasta). Não fui eu que pedi a ele", afirmou Montenegro.

A pedido de Cássio Peixoto, a diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luíza Gomide Vianna, alterou a nota técnica 123/2011 feita no dia 8 de agosto e assinada pelo analista Higor Guerra. O primeiro parecer pedia o aprofundamento dos estudos sobre VLT antes que fosse tomada qualquer decisão.

O parecer seguinte, assinado por Luíza Vianna, é datado de 8 de setembro deste ano, tem o mesmo número do anterior e abriu caminhos para a instalação de um projeto do VLT. O Estado divulgou ainda áudios de reunião na pasta em que Luíza Vianna afirma ter sido procurada por Cássio Peixoto, que lhe pediu a revisão do primeiro parecer.

‘Eu já ouvi’. Durante a entrevista na sexta-feira, convidado a escutar novamente os áudios de Luíza Vianna, Negromonte reagiu: "Eu já sei, eu já sei... Eu já ouvi. Eu respondo a todas as perguntas que você quiser. Não houve proposta indecorosa para que ela (Luíza) mudasse a proposta dela. A decisão é de colegiado. Estão querendo colocar chifre em cabeça de jumento".

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