Entrevista/Gilberto Kassab
VERA MAGALHÃES
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
PARA MANTER ACORDO COM PSDB, PREFEITO SE COMPROMETE A APOIAR REELEIÇÃO DE ALCKMIN.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, só vê dois candidatos viáveis para manter a aliança entre PSDB e PSD em 2012: José Serra e Guilherme Afif Domingos.
Para selar o acordo, diz com todas as letras que apoiará a reeleição de Geraldo Alckmin em 2014. "É evidente."
A despeito da pesquisa Datafolha que apontou recorde de 40% de rejeição a sua gestão, ele repete que concederia nota 10 a ela -contra 4,5 conferidos pela população.
Kassab diz que seu partido ajudará o governo Dilma Rousseff quando necessário, mas é categórico ao dizer que recusará um ministério caso lhe seja oferecido na reforma.
Leia trechos da entrevista.
Folha - O sr. começará seu último ano de mandato com avaliação em queda, os bens bloqueados e um dos principais projetos, a inspeção veicular, contestado judicialmente.
Gilberto Kassab - Na verdade, contestado pelo Ministério Público. Todos sabem o respeito que eu tenho pelo Ministério Público. Mas o Ministério Público contestar não quer dizer que ele está certo. Cabe ao Poder Judiciário depois dirimir quaisquer dúvidas. Se o Ministério Público estivesse certo sempre, não precisaria ter eleição, eles governariam.
De qualquer maneira, o sr. entra nesse último ano com a avaliação negativa.
As coisas vão muito bem na prefeitura. Todos os programas, todas as áreas. É muito importante saber compreender as pesquisas. A interpretação das pesquisas, para quem está dentro da gestão, é muito favorável.
Muita gente associa a queda de avaliação ao fato de o sr. ter passado este ano muito dedicado à criação do PSD.
Não é verdade. Eu acordo cedo, durmo tarde, me dedico à cidade todos os dias, minha agenda é pública. E por isso, pela ação de todos os secretários e suas equipes, que as coisas estão acontecendo.
O sr. tem dito que sua avaliação será feita nas urnas. Acha essencial ter um candidato que vá defender sua gestão?
Não. O candidato não pode ser escolhido em função dessa questão. O candidato tem de ser escolhido em função de suas qualidades, que seja alguém efetivamente identificado com a cidade e que seja um bom gestor, uma pessoa preparada para ser prefeito.
O sr. tem defendido aliança com o PSDB, mas também propugna que o candidato seja do seu partido.
Não é verdade. Tanto é que eu sempre dou prioridade para a candidatura de José Serra. Não há, da nossa parte, essa questão compulsória que seja um candidato do PSD.
O que eu tenho dito é que é importante mais uma vez que seja escolhido o melhor candidato da aliança. E eu tenho dito sempre que a aliança tem dois bons candidatos hoje, que são o Serra e o Afif.
O sr. acha que um dos dois aceitará ser candidato?
Vamos deixar para janeiro, para conversar com eles. O Serra já tem dito com muito mais clareza que não será candidato. O Afif, em algumas conversas preliminares, tem manifestado a intenção de colaborar, caso a aliança entenda que possa ser ele o candidato, ele analisaria.
O sr. fez ou fará um aceno ao governador Geraldo Alckmin de que, se houver aliança em 2012, o sr. prontamente apoiaria a reeleição dele em 2014?
É evidente. Se estamos numa aliança, se essa aliança é renovada em 2012, é evidente que a sequência natural é ela continuar em 2014. Se ele é o governador e é candidato à reeleição, teria o nosso apoio.
O sr. acha os quatro pré-candidatos do PSDB viáveis?
Não quero ser desrespeitoso com ninguém. São pessoas que considero amigas, que têm história na vida pública. Eu prefiro não fazer nenhuma manifestação agora, até porque estão disputando prévia. Eu posso afirmar que, com certeza, os candidatos que eu vejo identificados e possíveis de serem apoiados pela aliança são o Serra e o Afif.
O Datafolha mostra grande influência do ex-presidente Lula na eleição. O sr. teme que o PT volte a vencer em São Paulo?
Não sei por que temer. Defendo alternância no poder. O ex-presidente Lula é uma pessoa muito bem avaliada, tanto é que se elegeu, se reelegeu e fez sua sucessora.
Mas já era há quatro anos, quando apoiou a Marta, e eu venci. Não quero dizer que não seja importante, mas se fosse definitivo não precisava haver eleições. Era só esperar 1º de janeiro para passar a faixa para Haddad.
Qual a influência de José Serra no seu governo?
Uma influência grande, de quem é ouvido, de quem foi eleito num primeiro momento, e tem aqui ainda uma equipe que deixou como legado. É uma pessoa presente na administração.
Ao mesmo tempo que o sr. fala em aliança com o PSDB em SP seu partido está próximo à presidente Dilma. É difícil se manter no fio da navalha?
Não é verdade. É um partido independente no plano federal e que até 2014 será independente. Portanto, não há a menor possibilidade de estarmos integrados ao governo da Dilma. Porque este é o nosso compromisso.
Se Dilma oferecer um ministério ao PSD na reforma ministerial a resposta será não?
Será não. Posso lhe afirmar. Caso ela queira convidar alguém que é filiado ao partido, essa pessoa, se quiser aceitar, terá de se afastar temporariamente. Não será uma indicação partidária.
Eu não me sinto à vontade de apoiar o governo da presidente Dilma. Eu não a apoiei na eleição, apoiei o Serra. Posso recomendar que os deputados votem a favor de seus projetos, como na DRU, mas não integrar o governo.
Caso em 2014 se repitam os mesmos candidatos, Dilma e Serra, o sr. manterá a posição?
É muito difícil eu não ficar ao lado do ex-governador Serra. Mas a posição do partido será uma. Essa é a minha posição pessoal. O partido vai definir com toda a liberdade, terá sua convenção. Não é porque eu sou presidente do partido que eu sou dono.
Na sabatina da Folha, em junho, o sr. deu nota dez à sua gestão. Que nota dá agora?
Dez de novo. Só falta você achar que uma gestão não vai dar dez. Significa não acreditar no que está sendo feito.
Mas dez não significa que não há mais nada a ser feito?
Não. É dez dentro de sua intenção, de sua conduta.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO
Até onde a posição do prefeito paulistano Gilberto Kassab influenciará nas coligações em Guarulhos.
ResponderExcluirCom certeza o partido e os seus pré candidatos deverã ser ouvidos pois o mesmo foi construído com base na independência. Principalmente em Guarulhos onde praticamente não existe uma oposição ativa no Legislativo. Acreditamos que qualquer aliança cega com o poder vigente, leia-se PT pode comprometer o nome deste novo partido, que corre risco de ser destruído por aqueles que até outro dia veiculavam em sua propaganda "Você Sabe do Kassabe". Já o PSDB em Guarulhos ainda está muito morno mas seira um aliado mas confiável e natural...
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