EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
Como reação à greve dos funcionários do Serviço Funerário de São Paulo, que começou há quatro dias e tem previsão de se estender pelo menos até segunda-feira (5), o prefeito Gilberto Kassab (PSD) autorizou nesta sexta-feira a contratação de mais cem coveiros e 35 motoristas para o órgão.
Kassab havia dito na última quarta-feira (31) que seria "implacável" com os grevistas e prometeu medidas duras.
A autorização para contratar mais funcionários é um recado do governo de que pode abrir sindicância e, se for o caso, demitir os grevistas que não voltarem ao trabalho imediatamente.
O Serviço Funerário de São Paulo tem 1.297 funcionários, entre eles 130 motoristas e 337 sepultadores.
O menor salário pago no órgão no mês passado foi de R$ 585,56, mas apenas um servidor recebeu esse valor, 18 receberam menos de R$ 1.000 e 538 receberam menos de R$ 2.000, sempre em valores brutos, sem descontos.
O superintendente do serviço, Roberto Tamura, ex-prefeito de Capão Bonito, tem salário de R$ 6.281,66.
LIMINAR
O Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo) informou que vai entrar com recurso, ainda nesta sexta-feira, contra a decisão do Tribunal de Justiça que determinou a volta imediata dos funcionários do Serviço Funerário ao trabalho.
Na tarde de hoje, eles se reúnem em assembleia para decidir se mantêm ou não em paralisação. A decisão liminar (provisória) é do desembargador David Haddad e estabelece multa diária de R$ 60 mil em caso de descumprimento da decisão.
Segundo o sindicato, 90% dos funcionários do Serviço Funerário Municipal estão parados, principalmente os do transporte e os responsáveis pelos enterros.
Os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 39,79%, extensão de gratificações a todos os funcionários, plano de carreira e melhores condições de trabalho. Após reunião com a prefeitura, na terça-feira (30), foi proposto um reajuste de 11% para funcionários da saúde, mas outras categorias não foram incluídas.
A greve provoca filas de corpos no SVO (Serviço de Verificação de Óbito) e atrasos em velórios e enterros, já que o transporte dos cadáveres foi interrompido. A prefeitura convocou a Guarda Civil Metropolitana para fazer o serviço emergencialmente.
Robson Ventura-31.ago.11/Folhapress
FUNERÁRIAS
Na última vez que o Serviço Funerário parou, em junho, motoristas, atendentes e sepultadores aderiram à greve, atrasando enterros e velórios na cidade. Os funcionários afirmam que as negociações salariais com a prefeitura não avançaram desde então.
As agências funerárias credenciadas na prefeitura afirmam que os serviços de remoção dos corpos e sepultamento estão parados desde terça, mas que o atendimento é feito normalmente. Em diversos cemitérios foram convocados guardas civis e faxineiros para a realização dos enterros.
De acordo com dados da Secretaria de Planejamento, o Serviço Funerário Municipal tem 1.366 servidores ativos. Ele é responsável pelos cemitérios e faz o transporte dos corpos de hospitais e prédios do IML (Instituto Médico Legal) para as funerárias e velórios.
OUTRO LADO
A Secretaria de Serviços da prefeitura confirma que ocorreram atrasos e que há deficit de funcionários, mas diz que os serviços estão sendo realizados. O órgão nega que tenha havido prejuízos para a população.
Em nota, a prefeitura diz que o atendimento durante a greve dos trabalhadores do serviço funerário ocorre com reforço da Guarda Civil Municipal, que cuida do transporte, e funcionários terceirizados.
O órgão também afirma que "considera inadmissível e repudia a paralisação parcial dos servidores do Serviço Funerário que é considerada ilegal pela Justiça, por tratar-se de serviço essencial à população".
A prefeitura ainda diz que concedeu aumento de mais de 15% sobre o piso salarial, que passou de R$ 545 para R$ 630, já somados os abonos, para os servidores com jornada de 40 horas. E que concedeu gratificações que complementam o salário base.
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