da Livraria da Folha
Formada em filologia hispânica, Yoani Sánchez é autora de um dos blogs mais lidos do mundo. Em 2007, foi eleita uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista "Time".
Sánchez, 34, mora em Havana, e, de lá, escreve seu blog, o Generación Y. Descontente com a ilha de Fidel, a cubana poderia ter partido para os Estados Unidos --como muitos de seus compatriotas o fazem--, mas resolveu ficar.
A blogueira, personagem e cronista, revela sofrida realidade que a população enfrenta. Criticado pela esquerda e pela direita, o resultado de seu trabalho foi reunido no livro "De Cuba, com Carinho", que narra o inacessível aos estrangeiros.
O volume reflete sobre as ideologias latino-americanas e sobre as pequenas mazelas da vida cotidiana. Abaixo, leia um trecho.
Yoani Sánchez escreve um dos blogs mais visitados do mundo, com vários milhões de acessos mensais, mas quase não consegue ser lida em Cuba. Quando foi eleita pela revista Time uma das mulheres mais influentes do mundo, ou quando recebeu o prêmio Ortega y Gasset, seus feitos não foram registrados, muito menos festejados pelo governo cubano. Seu blog Generación Y, que fica dentro do site denominado Desde Cuba (daí o nome deste livro, De Cuba, com carinho), é cultuado por internautas que o veem como um exemplo do potencial desse veículo. Mas é muito mais do que isso.
Yoani mora em Cuba, com seu marido Reinaldo Escobar e seu filho adolescente Teo, e conta nos seus posts como é a vida cotidiana na ilha, talvez com certo amargor, mas não sem boa dose de humor. Este livro é uma coletânea inédita desses posts, principalmente os mais recentes, selecionados pela autora, precedida por uma introdução que ela escreveu especialmente para o leitor brasileiro. Quando lhe perguntam se não teme a manipulação de seus escritos, ela responde que não se preocupa com isso, uma vez que não escreve para Miami ou para o Governo Cubano, e sim relata o que vê e pensa. O que não é pouco.
De Cuba, com carinho é um belo livro de História. História cotidiana de quem vive o dia a dia da ilha, sofre com a decadência da economia cubana, mas ama seu país. Alguém que não deseja que conquistas obtidas nas últimas décadas sejam jogadas fora, mas acha que o regime envelheceu com seus dirigentes. Além dos posts e da introdução, este livro contém um pequeno texto escrito pelo marido dela aos dirigentes do país, quando ela foi proibida de viajar para o exterior atendendo a convites. Fechando o volume (mas podendo ser lido antes) temos um escrito do sociólogo Demétrio Magnoli, também produzido especialmente para este livro, em que contextualiza Yoani e seus textos para o leitor brasileiro.
A tradução, cuidadosamente revista pelo linguista Rodolfo Ilari, contém notas esclarecedoras ao final de cada texto.
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