Josias de Souza
Na contramão do vice-presidente Michel Temer, o líder de Dilma Rousseff na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) afirma: “Cargo de ministro deve ser ocupado por políticos, não por técnicos.”
Em entrevista ao blog, Temer defendera como “melhor solução” uma fórmula híbrida. Os partidos passariam a privilegiar a formulação de políticas. Para implementá-las, patrocinariam a indicação de gestores técnicos. “Isso seria o ideal”, disse.
Ouvido pelo repórter, o líder do governo soou noutra direção: “Não valorizo ministro técnico”, declarou, em timbre peremptório. “Em qualquer lugar do mundo, mesmo nas nações parlamentaristas, cargo de ministro é exercido por políticos.”
Acrescentou: “Não existe política de ministro ou de partido. No presidencialismo, quem define as políticas de governo e escolhe os executores é o presidente da República. Ministro que não executa a política do governo é trocado.”
Vaccarezza esmiuçou seu raciocínio: “No início do governo Lula, tivemos no Ministério da Fazenda um médico [Antonio Palocci] que geriu a economia com extrema competência. Portou-se como político, não como médico.”
Aplica a mesma tese ao tucano José Serra, ex-titular da Saúde de FHC? “Acho que o Serra teve no Ministério da Saúde um desempenho melhor do que o obtido nas disputas políticas. Ele é engenheiro e economista. Pela formação, não poderia gerenciar a Saúde. E foi melhor no cargo do que na política.”
Na opinião de Vaccarezza, “uma o êxito de uma cirurgia cardíaca depende da habilidade do cardiologista. Mas um bom médico não será necessariamente um bom ministro ou um administrador competente de hospital.”
Do mesmo modo, argumenta o deputado, “um bom professor não será obrigatoriamente um ministro da Educação capaz.” Vaccarezza dá de ombros para a tese segundo a qual a presença de políticos na Esplanada abastarda o governo, tornando-o mais suscetível à corrupção.
“Se você pega a história do Brasil ou de qualquer outro país, a corrupção não tem relação direta com o fato de os eventuais envolvidos serem políticos ou técnicos.”
Recordou-se ao deputado que o DNA de boa parte dos escândalos costuma carregar o gene das emendas penduradas por parlamentares no Orçamento da União.
E Vaccarezza: “É injusto associar a corrupção ao Legislativo, a Casa da política. Temos centenas de emendas. Há 513 deputados e 81 senadores. No total, 594 parlamentares. Ainda que houvesse problemas com as emendas de 60, teríamos 10% do Legislativo. Nem assim seria adequado generalizar.”
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