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domingo, 3 de julho de 2011

Morto, Itamar ‘ouve’ de FHC o que julgava olvidado.

                               João Wainer/Folha

Fernando Henrique Cardoso levou às páginas da Folha um artigo no qual rende homenagens póstumas a Itamar Franco.

A peça traz, nos derradeiros parágrafos, um relato sobre o convívio de ambos no governo que se seguiu ao impeachment de Fernando Collor.

FHC não chega a entregar à historiografia o que Itamar, em vida, reivindicava: a “paternidade” do Plano Real. Porém...

...Porém, admite que Itamar, “às vezes com a alma travada”, entregou-lhe o essencial: “apoio irrestrito” para pôr o plano em pé.

Quem lê interroga os próprios botões: por que FHC esperou pela morte de Itamar para adensar-lhe a biografia?

Vai abaixo o naco final do artigo, acomodado abaixo do subtítulo “No Governo”:

“Devo a ele a audácia de nomear um sociólogo sem grande experiência administrativa para o Ministério da Fazenda.

Mais: apoiou tudo que eu e minha equipe propusemos para fazer o que no início foi o Plano FHC e se transformou no Plano Real.

Sem o apoio irrestrito do presidente, nada do que foi feito poderia ter sido aprovado. E isso em matéria que nem sempre era da preferência de Itamar.

Preocupado que foi a vida inteira com atender aos mais pobres, temia que a contenção fiscal necessária para assegurar a estabilidade da economia pudesse prejudicar os trabalhadores.

Não obstante, aceitou com responsabilidade histórica o que teria de ser feito, embora às vezes com a alma travada.

As repercussões positivas do Plano Real para o povo e para a economia permitiram que Itamar assistisse sua consagração no fim do mandato.

Mais do que merecida, a consagração de um homem que tinha forte sentido ético na política e que, com sua simplicidade e despojamento, serve cada vez mais de exemplo ao Brasil atual.

Pessoalmente, devo a Itamar não só o ter-me apoiado como ministro, mas o haver aprovado com entusiasmo minha candidatura ao Planalto.

A despeito das reviravoltas da política que nem sempre permitiram que estivéssemos no mesmo lado quando exerci a Presidência, sempre guardei respeito por tudo que Itamar significou para o Brasil.

Só lamento não ter tido mais oportunidades de desfrutar, com a tranquilidade que só os anos trazem, uma convivência mais frequente”.

Escrito por Josias de Souza

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