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sábado, 17 de outubro de 2009

Sucessão de 2010 atravessa a etapa da ‘prostituição’

Angeli A política, como se sabe, é a segunda profissão mais antiga do mundo. Mas há certos momentos em que ela se assemelha muito à primeira. Recorde-se, por oportuno, Péricles. Desceu ao verbete da enciclopédia como líder do melhor período de Atenas (443 a.C. a 429 a.C.). Ao ordenar o cerco à ilha Samos, permitiu que as prostitutas de Atenas seguissem junto com as tropas, Uma forma de aliviar as pulsões da soldadesca. O sítio foi longo. E os negócios das mulheres de Atenas resultaram prósperos. Tão vistosos que, na volta, entregaram a Péricles uma parte dos lucros. Corta para o Brasil de 2009. Mandatário de uma fase “nunca antes vista na história desse país”, Lula também ordenou um cerco. Mantém sob sítio os partidos que vivem de vender apoio aos mandachuvas de plantão. São, por assim dizer, as meretrizes da política. Lula tenta conter essas legendas nos limites da cidadela governista. Guarnece pessoalmente o PMDB. Mandou Dilma cuidar de PPs, PRs, PDTs e adjacências. Vem daí qie pemedebês, pepês, pêérres, pedetês e o inefável etcétera aproveitam a sua hora. Penduram-se nas manchetes, expondo as partes. Uma parte ameaça romper com a candidatura oficial de Dilma, aderindo a Serra. Outra parte flerta com Ciro, o Plano B do governismo. A unir todas as partes há o desejo atávico pelo poder. Um apetite irrefreável pela fruição dos negócios. Uma atração incontida pelo tilintar de verbas e cargos. No baixo mercado político, sucedem-se as reuniões e os jantares. Nesse universo, as armas são os ministérios, as estatais, as autarquias. As arcas, enfim. Vão às mesas pessoas de reputação duvidosa –Jáderes, Valdemares e outros azares. Garotinhos manuseiam os talheres com apetite de gente grande. Eles reocupam o noticiário. Transitam livremente pelas páginas pedindo, pleiteando, ameaçando, querendo, exigindo... Vive-se aquela fase em que a sucessão mergulha numa zona de gandaia. Ou Lula dá o que lhe pedem ou arrisca-se a engordar as fileiras inimigas. No front adversário, acomodam-se outras partes e até inteiros. A tribo demo unificou-se ao redor de Serra. O pedaço do pemedebê representado por Quércia também. O petebê de Jefferson ainda busca a melhor posição. Daí a sofreguidão com que Lula busca as relações plurais sem se preocupar com a (má) fama dos parceiros. No afã de converter Dilma em candidata de porteira fechada, o presidente entrega-se às velhas poses. Cede gostosamente ao assédio dos interesses mais contraditórios. A pretexto de se contrapor ao tucanato, Lula dá azo à perversão. Súbito, inverte-se a lógica da investida. De sitiadas, as legendas mais assanhadas passam a comandar o cerco. A exemplo de Péricles, Lula faz vistas grossas para o lucro dos partidos-meretrizes. A pretexto de assegurar a sucessão plebiscitária, Lula como que mimetiza FHC. Assim como o antecessor, Lula sabe que a prostituição nasceu antes do Estado. Em vez de combatê-la, aceita a idéia de que ela sempre vai existir. Conforma-se com o fato de que os partidos sempre irão se aproveitar das circunstâncias. Rende-se à (i)lógica sob o argumento de que aos governates não cabe senão fazer o que precisa ser feito. A Péricles, as prostitutas entregaram um naco dos lucros. Ao sucessor(a) de Lula pagarão, na melhor hipótese, com a velha moeda de sempre: “governabilidade”. Atônito, o país espia os primeiros movimentos da orgia através do telhado de vidro dos partidos. Expõem, sem restrições, o strip-tease da pseudovirtude. A nação imperfeita assiste impassível à evolução da impudência levada às raias da perfeição. A essa altura, o eleitor se prepara para as urnas de 2010 sem saber quem será o eleito. Porém... Porém, sabe que, seja quem for o eleito(a), vai acordará do sonho da presidência nova na cama dos velhos inimigos de sempre. Escrito por Josias de Souza às 18h38

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