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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Recife: PT briga consigo mesmo e perde o rumo.

Josias de Souza


O PT tornou-se um partido hemorrágico na capital pernambucana. Idealizada como pacificadora, a prévia que definiria o candidato da legenda à prefeitura de Recife resultou numa guerra que põe em risco um projeto hegemônico de 12 anos.

Foram à sorte dos votos João da Costa (foto) e Maurício Rands. Numa disputa que envolveu troca de sopapos e batalha de liminares judiciais, Costa prevaleceu sobre Rands. Amealhou 51,9% dos votos. Ganhou, mas pode não levar.

Sob o pretexto de que o colégio eleitoral incluiu militantes sem direito a voto, a banda derrotada levou a querela ao tapetão. Caberá ao PT federal dizer se o resultado das urnas pernambucanas foi ou não legítimo.

Nascida de um procedimento atípico, a disputa produziu um desdobramento tóxico. A prévia foi inusual porque sonegou a João da Costa um desejo natural. Prefeito de primeiro mandato, ele reivindica o direito de candidatar-se à reeleição.

Contra as pretensões do prefeito, mobilizaram-se o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), Lula e duas lideranças expressivas do petismo local: o deputado e ex-prefeito João Paulo e o senador Humberto Costa.

Escorando-se nas pesquisas que fazem de João da Costa um gestor mal avaliado, os rivais do prefeito fabricaram, com o aval de Lula, a candidatura de Maurício Rands – secretário de Eduardo e primo de Renata, a mulher do governador.

O desdobramento tornou-se tóxico porque, seja qual for a decisão do PT federal, o partido irá às urnas trincado. São duas as possibilidades. Numa, entrega-se a vaga de candidato a João da Costa. Noutra, a direção nacional impõe Rands.

Na primeira hipótese, o aliado Eduardo Campos, dono de índices de popularidade superiores a 80%, acionará o seu ‘Plano B’. Nos subterrâneos, insinua-se que pode alinhavar uma aliança branca com Raul Henry (PMDB). Vem a ser o candidato do senador Jarbas Vasconcelos, um ex-desafeto com o qual Eduardo acaba de reconciliar-se.

Na segunda alternativa, o PT vira a prévia do avesso e entrega a vaga a Rands. Que terá como principais adversários a máquina da prefeitura e o companheiro João da Costa. O prefeito faz críticas tão contundentes ao colega de partido que desestimula o eleitor a dar-lhe crédito.

Assim, o PT arrisca-se a transformar a eleição de Recife, que parecia um triunfo provável, num Waterloo de fabricação doméstica. Tudo isso nas pegadas de uma encrenca que traz as digitais de Lula, o pernambucano mais ilustre.

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