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sábado, 28 de novembro de 2009

Grampos da PF ligam genro de Lula a uma ‘quadrilha’.

Chama-se Marcelo Sato o genro de Lula. É marido de Lurian (foto), a filha mais velha do presidente. Grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal com ordem judicial captaram diálogos de Sato com o empresário João Quimio Nojiri. O interlocutor do primeiro-genro foi preso pela PF em 21 de maio de 2008. É acusado de integrar uma quadrilha que operava em Santa Catarina e São Paulo. Deve-se a informação ao repórter Gustavo Ribeiro. Ele teve acesso a relatórios e transcrições das escutas da PF. Levou os dados às páginas de Veja. A voz do marido de Lurian soou na Operação Influenza. Envolve a apuração de crimes como lavagem de dinheiro, fraudes cambiais e tráfico de influência. Os grampos revelam que Marcelo Sato recebeu do empresário Nojiri a mixaria de R$ 10 mil. Dinheiro que deveria repassar à mulher, Lurian. Segundo a PF, o primeiro-genro atuou como lobista da quadrilha. Acompanharia processos em órgãos federais. Agendaria encontros com autoridades. Num dos diálogos captados pela PF, o empresário Nojiri conversa com um amigo identificado nos relatórios policiais como Guilherme. Fala de uma “necessidade” financeira da filha de Lula. Informa que vai "resolver a questão dela". Eis um trecho da conversa: - Noriji: Eu precisava do rádio, do ID do rádio da Lurian. - Guilherme: Eu não tenho. - Noriji: Achei que você tinha o radio dela. - Guilherme: Não, não tenho. - Noriji: E como você fala com ela? - Guilherme: MSN. - Noriji: Tá bom, então. Eu estou conversando com ela por e-mail. Diz a ela que eu estou resolvendo a questão dela, de uma necessidade, até sexta feira. Para ela dar uma consultada na conta do marido [Marcelo Sato]. - Guilherme: Tem certeza que tem que ser na conta dele? Porque ele não vai dizer a ela que entrou e ele não autoriza a ficar checando conta... Uma hora e trinta e cinco minutos depois dessa ligação, Nojiri conversa com sua secretária. Ordena que faça dois depósitos de R$ 5 mil na conta do genro de Lula: - Noriji: Josi, aquele depósito. A Sacha te falou que tinha que fazer? - Secretária: Depósito do Village? - Noriji: Não, o outro. Do Marcelo [Sato]. - Secretária: Tá aguardando um ok do senhor, se é pra fazer na conta dele ou na conta da esposa. - Noriji: Faz na conta dele mesmo. Dois depósitos de cinco, tá bom?. - Secretária: Tá ótimo então. Vou falar pra fazer na conta dele. Decorridos mais vinte minutos, Nojiri toca o telefone para Marcelo Sato. Tratam-se de maneira afetuosa: - Nojiri: Oi, querido. - Marcelo Sato: Fala, querido. Tudo bem? - Noriji: Eu estou fazendo um negócio pra você, tá? Tô sabendo que você tá precisando. Conta com isso. - Sato: Tá. Bom, a gente conversa direitinho... Noutro diálogo pescado pelos grampos da PF, o genro Sato promete colocar o investigado Noriji, que seria preso meses depois, em contato com o sogro Lula. A conversa é de 14 de fevereiro de 2008. Os interlocutores encontravam-se em Brasília: - Nojiri: Tá, mas que horas você acha que é bom ir pra lá? - Marcelo Sato: Ah, porque hoje ele vai receber o presidente de Guiné Equatorial. Era pras 15h. Ele tá atendendo agora a agenda das 13h45. Aí depois tem o presidente, tem a Dilma, tem o Múcio, aí a gente. - Nojiri: Então, mas que horas você acha que a gente tem que ir pra lá? - Sato: Umas 18h30, por aí. Em princípio, o Múcio tava pra umas 19h. Acho que ele vai antecipar tudo e a gente conversa com ele. Ele vai pro Chile e volta domingo [...]. [...] - Nojiri: Onde você tá? - Sato: Agora eu tô aqui saindo do [Palácio da] Alvorada. - Nojiri: Você não quer encontrar antes da gente ir lá pro anexo? - Sato: Se você quiser ir pra lá, pode ir. Porque eu já vou acertar direitinho lá no gabinete agora, entendeu? - Nojiri: Pode deixar marcado. Deixa tudo certo. Tô falando pra conversar com você antes de eu te encontrar, pra ir junto pra lá. Que que você quer fazer? - Sato: Quero sentar lá no Palácio agora, falar: ‘Vem pra cá tal hora, certinho, que a gente vai falar’. A assessoria de Lula informa que não há registro de encontro de Nojiri com o presidente. O nome do investigado não consta da agenda oficial do dia (veja acima). Ouvida a respeito dos R$ 10 mil providos por Nojiri, Lurian declarou: "Não conheço esse homem. Nunca ouvi falar dele e não sei de dinheiro nenhum". O marido dela diz coisa diferente. Admite a proximidade do casal com o investigado, com quem diz manter uma amizade de dez anos. Marcelo Sato afirma que os R$ 10 mil depositados pelo investigado Nojiri em sua conta decorreria de um empréstimo pessoal. Informa que já pagou a dívida. O que diz Nojiri? Confirma o vínculo com o casal Sato-Lurian. Sobre o suposto empréstimo e o respectivo pagamento, desconversa: "Não me lembro desses detalhes". Segundo a PF, Sato mantinha com Nojiri um relacionamento de mão dupla. Em vários diálogos grampeados o primeiro-genro apareceria agendando almoços, reuniões e audiências em Brasília. Na versão da polícia, Sato contaria com o apoio do deputado federal Décio Lima (PT-SC). Compadre da filha e do genro de Lula, o deputado Décio afirma não ter “nenhuma relação com esse pessoal” investigado pela PF. Escrito por Josias de Souza às 05h40

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