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terça-feira, 3 de novembro de 2009

A utopia fica longe, mas é bom procurá-la.

“Ambulante e marreteiro ganham a vida dando duro no batente” Publiquei no dia 16/10, nesta coluna, o artigo intitulado "Respeitem os animais, inclusive, o humano", sobre o ocorrido no centro da cidade com a apreensão de carrinhos de venda do icegourt. Escrevi-o com indignação e tristeza, contagiado pela indignação de todos os que viram o episódio e com a tristeza dos ambulantes que ficaram sem levar o dinheiro para casa. Na semana seguinte a Tribuna Livre deste jornal publicou a carta enviada por Francisco Brito, Secretário dos Agentes Fiscais de Guarulhos, contestando meu artigo. Foi uma contestação cordial, equilibrada, pela qual agradeço, mas não consigo deixar de ficar indignado. O senhor Francisco Brito alega que é necessário haver fiscalização para coibir abuso de ambulantes clandestinos. Lamenta que a Administração seja criticada quando fica omissa e quando age. Pergunta-me ainda se conheço alguma forma de agir sem usar de truculência. Infelizmente não conheço. Também não tenho receita para acabar com a violência provocada pelo crime organizado ou desorganizado, que faz de nós, cidadãos pacíficos, reféns. Constantemente, porém, tenho ouvido críticas a polícia acusada de agir com arbitrariedade em sua função. Entre a violência policial e a dos bandidos eu fico com a primeira. Ambulante ou marreteiro pode ser ilegal, mas não é bandido. E o agente fiscal nada diz sobre o fato dos fiscais terem distribuído o material apreendido entre os transeuntes, quando o normal seria devolvê-lo aos proprietários após paga a multa exigida. Compreendo que quem tem o poder de mando às vezes é obrigado a tomar atitudes impopulares e até desumanas. Quem está na oposição critica tais atitudes. De vez em quando o poder das urnas troca os papéis, quem está na oposição vira governo, quem é governo vira oposição, mas as coisas continuam exatamente iguais. Partido popular quando chega ao poder deixa de ser povo e transforma-se em governo. Não há o que se cobrar ou criticar. Entendo tudo isso, mas não posso deixar de ficar indignado e triste. Revolta-me a perseguição a ambulantes, a expulsão de invasores de terrenos ocupados e outras atitudes contra a parte mais pobre e indefesa da população. Minha única maneira de demonstrar esta tristeza é através de palavras. Não tenho poder e confesso que se tivesse não saberia como agir. A utopia fica longe. Muitas vezes ela é apresentada como miragem para enganar os incautos. Mas, nós, que temos o poder da palavra, ou os que não sabem ou não podem expressar-se, quem não tem a faca e o queijo, tem o direito e o dever de procurar. Os políticos não podem fazê-lo sem mentir.

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