Redação Guarulhosweb 08/02/2010 10:55
É impressionante o tanto de besteiras que se ouve e se fala nos últimos dias em relação às chuvas que caem todos os dias, há quase dois meses, sobre a Região Metropolitana de São Paulo.
Por mais que os institutos de meteorologia demonstrem, por meio de números, que a quantidade de chuvas está muito acima das médias para o período - que já são altas - sempre existe gente que quer porque quer encontrar culpados por tantas desgraças.
Óbvio que aqui e ali sempre aparecerão desmandos causados por administrações públicas desastrosas, tanto em nível municipal, estadual como federal. Sempre se tem a certeza de que os governantes poderiam ter feito mais no passado para evitar tantos transtornos agora. Também é notório que, por mais que os administradores arregacem as mangas e tentem dar o melhor atendimento possível às vítimas, sempre haverá gente insatisfeita. Isso porque é praticamente impossível garantir o mínimo de conforto e tranquilidade seja para quem perdeu tudo nas enchentes (até vidas), como para as pessoas que se lamentam por ficarem algumas horas sem energia elétrica no interior de suas residências ou por terem o sinal da TV a cabo cortado.
Porém, tão lamentável quantos os transtornos são os políticos que ficam se digladiando diante da situação, sempre apontando para seus opositores como os grandes responsáveis. A Prefeitura de Guarulhos, hoje nas mãos do PT, condena o governo do Estado, capitaneado pelo PSDB há uma década e meia. Já os tucanos lembram da demora da União (petista) em liberar recursos para obras de saneamento. Todos, nestes momentos, se esquecem do olhar para o céu e, assim, enxergar que chove demais.
Uma das últimas excrescências que se ouviu nesta semana foi atacar o dinheiro gasto pelo governo paulista para o aprofundamento da calha do rio Tietê, como se a obra não tivesse tido importância alguma. Há deputados, inclusive, querendo processar os responsáveis, como se isso ajudasse a baixar o nível das águas ou diminuísse o volume das chuvas. Serve apenas para demonstrar como a tragédia vem sendo usada eleitoralmente.
As administrações municipais, independente dos partidos de seus prefeitos, devem sim cobrar o governo do Estado para que promova o desassoreamento do rio Tietê. Mas também precisam olhar para seus próprios umbigos e verificar o que fazem de fato para diminuir os problemas em suas cidades, que ajudam a levar lixo e esgoto para seus cursos de água. Guarulhos, por exemplo, não conta com um programa para evitar que sua população ocupe as áreas ribeirinhas, nem tampouco promoveu ações para retirar essas famílias das áreas de risco, em tempos de seca.
Não. Guarulhos, ao longo de décadas, permitiu que essas áreas fossem ocupadas indiscriminadamente, sem que a prefeitura local oferecesse alguma resistência no sentido de inibir que grandes empreendimentos imobiliários até ocupassem as regiões de florestas, principalmente suas encostas. Muita gente inocente gastou o pouco que tinha para construir sua casinha em loteamentos, devidamente aprovados pelo poder público, mas em áreas nitidamente impróprias. Não é difícil encontrar causas. O que não pode neste momento é ficar tentando levar a questão para uma disputa político-partidária, que soa como verdadeira exploração daqueles que mais precisam.
Politização dos problemas.
ResponderExcluirSempre estamos diante destes dilemas, à politização dos problemas. Os partidários do PT impõem as responsabilidades ao PSDB que administra o estado e vice-versa, no entanto, esquecem de que o Município e a União são administrados pelo PT! Será que o governo do estado é mais importante que o governo Municipal e o da União? Para os que conhecem um pouco os princípios que regem o federalismo em nosso país, sabem que competências mais importantes foram reservadas ao governo federal e aos municípios, restando ao estado membro às residuais, haja vista a forma centrífuga que foi adotada quando da implantação do federalismo em nosso país. Tais situações demonstram que os políticos não norteiam suas atitudes em resolver os problemas do povo, e sim, politizá-los como forma de angariar votos.