Em Brasília, você sabe, tudo está à venda. Excetuando-se a mãe, que não tem valor de mercado, vende-se de emendas ao Orçamento à honra.
Descer a Esplanada dos Ministérios rumo à Praça dos Três Poderes é uma experiência auditiva. Ouve-se pelo caminho o tilintar de verbas.
Se há esse imenso balcão em Brasília é porque existe demanda. Os compradores são, porém, invisíveis. Não há quem queira identificá-los.
De raro em raro, ações fortuitas do Ministério Público e da PF jogam um facho de luz sobre um ou outro corruptor.
Pois bem, a dez meses do final do seu governo, Lula decidiu fazer cara feia para as empresas que enfiam a mão na cumbuca da corrupção.
Num instante em que escolhe a cor do pijama que vai vestir a partir de janeiro, Lula enviou ao Congresso um projeto de lei.
Propõe um endurecimento das penas impostas às firmas e aos gestores pilhados em malfeitos. Beleza.
Durante dois mandatos, Lula portou-se como uma espécie de lavadeira. Acomodou o ferro em cima realidade e esperou o tempo passar.
Aos 44 minutos do segundo tempo, vai à canela dos adversários. Jogo de cena. Se quisesse ser tomado a sério, mobilizaria sua tropa e colaria na proposta o selo da urgência constitucional.
Sabe que seu projeto não será aprovado tão cedo. Talvez não vire lei nunca. Ah, que falta faz o Bussunda: Fala sério!
Escrito por Josias de Souza às 18h06
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