Seção começa com protesto, Battisti é "bode expiatório" diz advogado.
Supremo juga extradição.
O relator do processo de extradição do ex-ativista Cesare Battisti no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Cezar Peluso, afirmou nesta quarta-feira (9) que foi "ilegal" o ato do ministro Tarso Genro (Justiça) que concedeu o refúgio político ao italiano. A sessão foi interrompida para almoço e retornou às 14h30 com o restante do voto do relator.
O início da sessão foi marcado por um protesto na entrada principal do STF de manifestantes favoráveis ao ex-ativista. Gritando frases em apoio ao italiano, os cerca de dez manifestantes foram levados para o lado de fora das grades de segurança colocadas ao redor do prédio. O advogado Luís Roberto Barroso, que defende Battisti, afirmou que seu cliente é um "bode expiatório de uma trama simples", pois foi julgado à revelia na Itália, sem direito à defesa. Além disso, o refúgio político concedido a ele pelo Ministério da Justiça é legítimo e lhe garante a permanência no país. A advogada da União Fabíola Souza também alegou que a decisão sobre o refúgio de Battisti cabe, por competência, ao Ministério da Justiça. "O objetivo do governo da Itália é passar por cima da soberania nacional", afirmou. Já, pelo governo italiano, o advogado Antonio Nabor Areias Bulhões, argumentou que o refúgio não impede a extradição. "Acordos bilaterais prevalecem quando há conflito com a lei nacional", disse o defensor. "Ele é um refugiado político de um país democrático como a Itália e, porque não dizer, da União Europeia", completou. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, manifestou-se sobre o caso como seu antecessor, Antonio Fernando Souza. Opinou pelo arquivamento da extradição, sem julgamento de mérito, pois compete ao Executivo decidir sobre refúgio político. Mas com uma ressalva, se o STF resolver julgar o processo, que a extradição seja concedida. A palavra final cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além do pedido de extradição feito pela Itália, o Supremo também analisa um mandado de segurança que pede a revogação do refúgio concedido a Battisti. O mandado quer reverter uma liminar negada pelo ministro Cezar Peluso ao governo italiano em fevereiro. A Corte também julgaria recurso dentro do processo de extradição, contra decisão do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, que rejeitou a revogação da prisão de Battisti. Mas a defesa de Battisti desistiu do agravo.
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