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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PT agora guerreia com PT por presidência da Câmara.

Fotos: ABr e Folha

Depois de fechar um acordo com o PMDB, o PT guerreia consigo mesmo para definir o nome do petista que irá presidir a Câmara a partir de 2011.

Travada nos subterrâneos da legenda, a disputa será içada à superfície numa reunião a ser realizada na tarde desta terça (7).

Sob a coordenação de José Eduardo Dutra, presidente do PT, os deputados da legenda vão explicitar suas diferenças num encontro de toda a bancada.

São quatro os candidatos: Cândido Vaccarezza (SP), Arlindo Chinaglia (SP), João Paulo Cunha (SP) e Marco Maia (RS).

Líder de Lula na Câmara, Vaccarezza frequenta o front com cara de favorito. A despeito disso, trabalha para evitar uma votação na bancada.

Vaccarezza tenta prevalecer no PT por acordo. Algo que o fortaleceria na negociação com os demais partidos do bloco governista e da oposição.

Longe dos refletores, o deputado costurou um acordo entre os dois principais grupos do emaranhado de correntes que coabitam o PT.

Vaccarezza integra a maior corrente –Construindo um Novo Brasil, o ex-Campo Majoritário do ex-todo-poderoso José Dirceu.

Acertou-se que a Mensagem ao Partido, grupo do secretário-geral do PT e futuro ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, indicará o futuro líder da bancada.

Um dos contendores, João Paulo Cunha, réu no processo do mensalão, já ensaia a retirada. Em privado, insinua que pode apoiar Vaccarezza.

Ainda assim, restariam Chinaglia e Maia. Dos dois, Maia é o que arrasta menos votos na bancada petista. Entre 89 deputados, seus apoiadores não chegariam a dez.

Ex-presidente da Câmara, Chinaglia tampouco parece dispor de votos para se impor a Vaccarezza dentro do PT. Coleciona, porém, simpatias externas.

No PMDB, move-se por Chinaglia o deputado Eduardo Cunha (RJ), cuja capacidade de gerar encrenca$ é proporcional à influência que exerce na Casa.

Chinaglia conta, de resto, com a boa vontade de líderes de partidos que orbitam na periferia do consórcio governista.

São três os líderes simpáticos a Chinaglia: João Pizzolatti, do PP; Jovair Arantes, do PTB; e Sandro Mabel, do PR.

O nome que emergir da disputa interna do PT dificilmente deixará de ser referendado pelo plenário da Câmara.

A certeza de vitória é tonificada pelo acordo que o PT, dono da maior bancada, celebrou com o PMDB, proprietário da segunda bancada mais numerosa.

Já apalavrado entre os presidentes das duas legendas –José Eduardo Dutra e Michel Temer— o acerto ganhará nos próximos dias a formalidade de um documento.

Sem especificar nomes, a peça dirá que o PT exercerá a presidência no primeiro biênio da nova legislatura. E o PMDB dará as cartas nos dois anos finais.

Indicado pelo PMDB, o líder Henrique Eduardo Alves (RN) desistiu de reivindicar o comando no primeiro ciclo. Aguarda a decisão dos parceiros.

“Depois que o PT escolher o nome, nós vamos ajudar para que ele seja eleito como um presidente de toda a Casa”, diz Henrique.

Daí o esforço de Vaccarezza para unificar o PT. Imagina que, soldando o seu partido, tem chances de vingar no plenário sem disputas.

Fora do PT, conspiram contra a candidatura única PDT, PSB e PCdoB, legendas do pedaço mais à esquerda da coligação governista.

Torcem o nariz para a hegemonia exercida por PT e PMDB. O rodízio de biênios é um repeteco do que ocorreu na atual legislatura.

Nos primeiros dois anos (2007-2008), a Câmara foi presidida pelo petê Chinaglia. No derradeiro biênio (2009-2010), apitou o pemedebê Temer.

A “esquerda” tenta seduzir a oposição –PSDB, DEM e PPS— para a ideia de lançar um candidato alternativo.

Assim, embora favorito, Vaccarezza tem muito o que articular. Seu poder de fogo será maior se tiver atrás de si um PT minimamente unido.

Vencida a primeira fase, vai à negociação com as outras legendas enrolado na bandeira do respeito à proporcionalidade das bancadas.

Significa dizer que os cargos de direção da Câmara –na Mesa e nas comissões—serão rateados conforme o peso numérico de cada bancada.

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