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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vereadores optam por corporativismo e devem eleger Soltur presidente da Casa.

Foto: Ana Paula Almeida

A parceria mantida entre a Prefeitura e a Viação Transpérola, da mulher do vereador Eduardo Soltur, não abalou o apoio dos parlamentares.

A divulgação, em reportagem publicada pelo Guarulhos Hoje na última quinta-feira, sobre parceria mantida entre a Prefeitura e a Viação Transpérola, que tem como sócia-diretora Karina Celeste Moura, mulher do vereador Eduardo Soltur (PV), por meio de contratos de prestação de serviço que somam cerca de R$ 12,5 milhões, não abalou o apoio dos parlamentares ao nome de Soltur na disputa pela presidência da Câmara.

Vereadores ouvidos pelo GH minimizam a ligação do vereador, o candidato que tem o apoio da maioria dos colegas à eleição da Presidência da Casa, que ocorre na próxima semana, com o Executivo. Porém, a parceria aponta conflitos de interesses, segundo importantes representantes da sociedade civil, como a Organização não Governamental (ONG) de combate à corrupção Transparência Brasil e a subseção Guarulhos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Não acredito que a parceria possa impedir futuras investigações nos contratos, se fosse assim a Câmara não precisaria de 34 vereadores. O presidente da Câmara não é um ditador. Ele precisa do grupo para tomar decisões", justificou o vereador José Mário Stranghetti Clemente (PTN), que compõe o grupo "independente" denominado Centrão.

Apesar de declarar a manutenção do apoio a Soltur, o vereador Eduardo Carneiro (PSL), também integrante do Centrão, demonstra não estar muito convencido de que a estreita ligação entre a família Soltur e a Prefeitura não irá prejudicar a fiscalização nos contratos. "É claro que gera um pouco de dúvida, mas esperamos que uma coisa não influencie na outra. Se ele realmente for a pessoa ética que tem demonstrado ser vai saber separar as coisas, até porque nada impede que um vereador seja empresário na cidade", argumentou.

Único rival de Soltur na disputa e com poucas chances de emplacar, o vereador Edmilson Souza (PT) preferiu não comentar a parceria. "Essa é uma questão pessoal e por dizer respeito a vida particular do vereador prefiro não opinar", disse Souza. Para o atual presidente da Câmara, Alan Neto (PSC), a parceria é normal, uma vez que até mesmo membros do governo mantém ligação estreita com o Governo.

O secretário de Assuntos Legislativos e ex-presidente da Casa, Paulo Carvalho (PR), por exemplo, mantém contratos de locação de imóveis com a Prefeitura em cerca de R$ 45 mil mensais, por meio da Seródio Empreendimentos Imobiliários, empresa na qual o secretário divide sociedade com sua esposa Elzira dos Santos Cardoso

Oposição "esquece" defesa da independência entre os poderes

Até mesmo a oposição, que sempre defendeu de forma inflamada a independência entre o Legislativo e o Executivo, confirma apoio a Soltur e descarta a possibilidade de lançar candidato próprio. "Antes de ser vereador ele era empresário do setor de transportes. É direito dele atuar em qualquer área empresarial", defendeu o líder da oposição, Geraldo Celestino (PSDB).

Celestino diz acreditar que a experiência de Soltur no Legislativo fará com que ele respeite os ritos da Casa, no tocante a possíveis atividades de fiscalização. "Sem contar que temos mais 33 vereadores para apurar qualquer indício de irregularidade", acrescentou Celestino.

Para Ricardo Rui (PPS), a defesa do candidato verde leva em consideração a falta de opção para a sucessão do cargo. Em sua análise, a eventual vitória do petista Edmilson Souza dificultaria ainda mais o trabalho dos vereadores na apuração de irregularidades cometidas pela Prefeitura.

"Tentamos lançar o nome do Geraldo, mas não avançou. É preciso coerência e a nossa única opção foi apoiar o Soltur", explicou Rui, que diz estar articulando para participar da composição da mesa diretora. "Quero participar da administração da Casa e das tomadas de decisões. Assim poderei fazer oposição também", adiantou Rui.

Contratos movimentaram R$ 26 milhões em pouco mais de um ano

Desde a alteração na razão social de Viação Guararema para Viação Transpérola, em junho de 2009, os contratos celebrados para locação de veículos entre a Prefeitura e a empresa de transportes, que tem como sócia-diretora Karina Celeste Moura, mulher do vereador Eduardo Soltur (PV) movimentaram quantia superior a R$ 12 milhões.

Apesar do nome do parlamentar não aparecer em qualquer contrato social, Soltur seria o responsável pela empresa, que até 2009, se chamava Viação Guararema. A Transperola ganhou essa razão social em 2009 depois que a Guararema, localizada no município de mesmo nome, teve o capital social alterado, de R$ 20 mil para os atuais R$ 2,8 milhões, conforme consta na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp).

Além da matriz em Bom Jesus dos Perdões, a empresa também mantém sedes em Nazareth Paulista e em Guarulhos, que foi aberta somente em maio de 2010. O GH encaminhou os questionamentos referentes aos contratos para o gabinete do vereador Eduardo Soltur, porém ele não se pronunciou.

A Prefeitura confirmou ao GH que foram firmados 48 contratos, todos por meio de licitação, com a Viação Transpérola. Em 2009, foram R$ 4.976.387,93 em contratos. Já, em 2010, esses contratos atingiram a quantia de R$ 7.720.634,54,o que totaliza mais de R$ 12,5 milhões em dois anos. Outros 15 contratos teriam sido firmados com a Viação Guararema.

Fonte: Redação Guarulhosweb - Foto: Ana Paula Almeida

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