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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Equipe de transição: de ‘sanguessuga’ a cabeleireira.

A equipe que assessora o gabinete de transição montado ao redor de Dilma Rousseff conta, por ora, com 20 pessoas.

Gente indicada sob Dilma e nomeada pela Casa Civil de Lula. Os salários correm por conta da Viúva. Tudo previsto em lei.

Deve-se aos repórteres Breno Costa e Rubens Valente a descoberta de duas nomeações inusitadas. Constam de notícias veiculadas na Folha.

Numa, foi ao Diário Oficial o nome de Christiane Araújo de Oliveira. Ela é ré num processo que tramita na Justiça Federal de Alagoas desde 2008.

O Ministério Público acusa Christiane de participação no escândalo dos sanguessugas – a máfia que inflava o valor de ambulâncias e distribuía propinas a congressistas.

Noutra nomeação, empurrou-se para dentro da equipe transitória de Dilma uma cabeleireira gaúcha: Márcia Westphalen.

Até o ano passado, ela dava expediente num salão de beleza em Porto Alegre. Até ontem, mantinha na web um blog sobre o ofício.

Depois que Márcia foi alcançada pela reportagem, o blog dela saiu do ar. Com o sítio, sumiram as lições da autora sobre "cabelos, tendências e dicas de visual".

Advogada de formação, a ré Christiane exercerá, segundo informa o gabinete de Dilma, uma atribuição singela: “atender telefonemas e anotar recados”.

Pelo serviço, receberá do erário R$ 2.600 mensais até janeiro. Ouvida, Christiane disse que não sabia qual seria sua função.

Ela associa a nomeação ao apoio que seu pai, um pastor evangélico, deu à campanha de Dilma.

E quanto ao processo dos sanguessugas? Christiane diz que traz a “consciência tranquila”. Acrescenta: “Não fui condenada em nada”.

A cabeleireira Márcia teve melhor sorte. Receberá salário mais generoso que o de Christiane: R$ 6.800.

O gabinete de Dilma esclarece que, também formada em Direito, Márica foi escolhida “pelo currículo”.

Diz-se que exercerá na transição a mesma função que desempenhou no comitê de campanha. Qual? Secretária trilingue.

Ouvida, Márcia contou que, na campanha de Dilma, sua função era outra: “apoio de produção”.

No time da transição, não sabe ainda o que fará. Ela se apressa em negar, porém, que vá exercer atividades relacionadas ao couro cabeludo.

É no mínimo curioso que ambas as nomeadas tenham declarado que desconheciam as funções para as quais foram nomeadas.

Por sorte, esse tipo de aviso é desnecessário nos casos de nomeação de ministros. Cada pasta traz na logomarca nomes autoexplicativos.

- Atualização feita às 14h26 desta quinta (11): Christiane Araújo de Oliveira, uma das personagens mencionadas no texto acima pediu exoneração da equipe de transição de Dilma após a veiculação da notícia.

Escrito por Josias de Souza

Um comentário:

  1. É uma aberração atrás da outra, uma vergonha institucionalizada que, perdeu a vergonha!

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