Foto: Rafael Andrade
Protógenes é condenado a três anos de prisão por crimes na Operação Satiagraha
O delegado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) foi condenado a três anos e quatro meses de prisão pela Justiça Federal de São Paulo. Ele é acusado de vazar informações e forjar provas enquanto chefiava a Operação Satiagraha, que condenou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a 10 anos de prisão por corrupção ativa.
Protógenes irá recorrer da decisão, segundo seu advogado. Ainda que a decisão da Justiça Federal se mantenha, ele não cumprirá a pena na prisão: deverá, em vez disso, prestar serviços à comunidade, de acordo com o processo.
O risco maior é para a carreira política de Protógenes: se não conseguir reverter a decisão judicial, ele perde o mandato de deputado federal, conquistado nestas eleições, e fica proibido de exercer cargos públicos --inclusive de continuar como delegado da Polícia Federal.
Protógenes deve sua vaga na Câmara dos Deputados ao palhaço Tiririca (PR-SP): com votação maciça de 1,35 milhão de eleitores, o palhaço conseguiu "puxar" três candidatos que não tiveram votos o suficiente para se elegerem sozinhos, entre eles o delegado (dono de quase 95 mil votos).
A sentença foi dada no dia 5 de novembro, pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo, a partir de uma denúncia da Procuradoria da República. A publicação da sentença aconteceu na terça-feira (9).
A Justiça também condenou Amadeu Ranieri Bellomusto, escrivão da PF e braço direito de Protógenes. Ele também teve sua pena, de dois anos de detenção, revertida para prestação de serviços à comunidade. Está, ainda, proibido temporatiamente de exercer "atividades relacionadas com segurança e espionagem".
Protógenes e Amadeu deverão pagar R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente, "à coletividade", segundo o processo.
ACUSAÇÕES
Quanto à fraude processual, Protógenes é acusado de editar as imagens em que emissários de Dantas negociavam o pagamento de propina a investigadores.
Ele também foi condenado por violação de sigilo funcional ao convidar um produtor de TV Globo para gravar a tentativa de assessores do banqueiro de subornar um delegado da PF. A "armadilha" aconteceu em junho de 2008, em um restaurante de São Paulo.
SATIAGRAHA
Protógenes esteve à frente da primeira fase da Satiagraha, que apura supostos crimes financeiros atribuídos a Dantas, mas acabou sendo afastado das investigações em julho de 2008.
Em julho de 2009, quando a Operação Satiagraha completou um ano, Protógenes afirmou estar com sensação de dever cumprido, apesar das "atrocidades" que sofreu com a família.
Listou-as em seu blog: "Perseguições externas e internas na Polícia Federal; vigilâncias nos meus deslocamentos para palestras, afastamento do cargo de delegado de Polícia Federal, sujeito a pena de demissão; perda de vantagens salariais; diminuição da renda familiar com aumento de despesas domesticas, tratamento de saúde de mulher, filhos e 74 ameaças contra minha vida".
A campanha para deputado federal alardeava Protógenes como o herói responsável por "prender bandidos poderosos, políticos desonesto", além de recuperar "mais de 40 milhões" e "desmantelar quadrilhas que lesavam o povo".
OUTRO LADO
O advogado de Protógenes, Adib Abdouni, disse à Folha que não poderia comentar detalhadamente a sentença, pois ainda não teve acesso ao processo.
Ressaltou que o caso "foge do comum".
"Posso dizer que o caso foge do comum. Tramita de uma forma diferente. Todas as informações foram levados à mídia primeiro. Não sei qual é o interesse [nisso]", afirmou.
Ele disse não temer a perda do mandato de seu cliente, eleito para quatro anos na Câmara dos Deputados.
Disse ainda que a sentença de três anos e quatro meses "extrapola os limites da acusação".
Fonte: Folha.Com - São Paulo
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