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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Panetone$ da Camargo Correa nutriram mais de 200.

Nunca antes na história desse país a cena político-policial oferecera à platéia uma atmosfera tão didática. Correm em paralelo dois inquéritos. Um em Brasília. Outro em São Paulo. Ambos tratam da distribuição de panetone$. Só que em lados diferentes do balcão. O inquérito brasiliense ilumina os bolsos, as bolsas, as meias e as cuecas da clientela – no caso, o ‘demo’ Arruda e Cia.. A investigação paulista joga luz sobre a logomarca de um provedor de peso. No caso, a Camargo Corrêa. A empreiteira de São Paulo não borrifou farinha na panificadora de Brasília. Mas o exame separado dos dois casos prejudica a compreensão do todo. São manifestações de um mesmo fenômeno: a perversão que une os fornecedores do Estado aos gestores das arcas públicas e seus braços legislativos. Uns não existem sem os outros, eis o que se deseja realçar. Está-se diante de um monstro que reclama ataque conjunto. No lado brasiliense do balcão, a presença de uma câmera de filmadora tornou explícito tudo o que era insinuado. No lado paulista, não há imagens. Ali, recolheram-se apenas planilhas e um pendrive prenhe de nomes e de cifras. Os repórteres Mario Cesar Carvalho e Lilian Christofoletti informam que a lista dos que se alimentaram dos panetone$ da empreiteira anota mais de 200 nomes. Há congressistas federais, seretários e até conselheiros e ministros de tribunais de contas. Uma megaceia. A galera dispõe de foro privilegiado. Ou seja, as denúncias do Ministério Público vão às esferas superiores do Judiciário – STF, STJ e tribunais de Justiça estaduais. É nesse estágio que a encrenca engasga. A ausência de punição adiciona fermento no imenso panetone em que se transformou o Brasil. O forno só será lacrado no dia em que os panificadores e sua clientela começarem a enxergar um nascer de Sol quadrado. O diagnóstico é antigo. Foi pronunciado há duas décadas, por Mario Amato, um antigo presidente da Fiesp: “Todos somos corruptos. Ninguém pode atirar a primeira pedra”, dissera Amato, em timbre de cru realismo. Ou o Judiciário começa a atirar pedras ou a República, em vez de ser vista como coisa pública, continuará a ser enxergada como cosa nostra. Escrito por Josias de Souza às 19h26

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