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domingo, 14 de março de 2010

Delator liga Vaccari ao caixa do mensalão, diz revista.

Cheque da Bancoop a si mesma; no verso, a indicação de saque no caixa
Cheque da Bancoop para a firma de Freud Godoy e da Germany para o caixa do PT.
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi alçado, pela segunda semana consecutiva, à condição de personagem de capa da revista Veja. A nova reportagem, assinada pelos repórteres Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy, apresenta Vaccari como “elo perdido” do escândalo do mensalão. Informa-se que, em parceria com Delúbio Soares, o tesoureiro petista do mensalão, Vaccari intermediou negócios nos fundos de pensão de estatais. Franqueva o acesso às arcas dos fundos em troca de propinas. Variavam entre 6% e 15%, dependendo da natureza e do valor das transações. O “pedágio”, anota a reportagem de Veja, era carreado para o caixa clandestino usado pelo PT para destinar verbas de má a legendas governistas. A notícia se baseia em depoimentos sigilosos prestados ao Ministério Público Federal por um “réu colaborador” do inquérito do mensalão. Chama-se Lúcio Bolonha Funaro (na foto). É corretor do mercado financeiro. Aderiu ao programa de delação premiada em agosto de 2005. Na época, Funaro era investigado por remessas ilegais de US$ 2 milhões para o exterior. Topou colaborar com a Justiça em troca de redução da pena. Vai abaixo um resumo do conteúdo da notícia: 1. Entre 2003 e 2004, época em que o mensalão rodava longe das manchetes, Vaccari recolhia propina junto a interessados em fazer negócios com fundos de pensão das estatais no mercado financeiro. 2. Vaccari operava em cinco fundos: Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás). Segundo os depoimentos de Funaro, ele a propina cobrada por ele variava entre 6% e 15%. Nos negócios com CDBs, que interessavam ao corretor, o pedágio era de 12%. 3. A propina, anota a revista, era borrifada no caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares “aliados”. Vaccari movia-se em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, a quem chamava de “professor”. Por trás de ambos, escreve a Veja, estava o então chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu. 4. O corretor Funaro começou a abrir o bico em narrativas feitas diante de procuradores da República lotados no Paraná, onde corria a investigação das remessas ilegais que fizera ao exterior. Espremido, Funaro se dispôs, em agosto de 2005, a contar o que sabia. Depois disso, prestou quatro depoimentos sigilosos à Procuradoria-Geral da República, em Brasília. 5. Contou que se achegou à engrenagem clandestina do PT levado pelo deputado cassado Valdemar Costa Neto (PR-SP), um dos réus do mensalão. Num dos depoimentos, Funaro relatou que, na campanha eleitoral de 2002, emprestara R$ 3 milhões a Valdemar, tornando-se credor de favores do deputado. 6. Valdemar, disse o corretor ao Ministério Público, foi cobrar os favores do PT, partido ao qual se associara na sucessão de 2002, na qual Lula prevalecera sobre José Serra. Segundo Funaro, Valdemar foi a Delúbio Soares, que o direcionou para Vaccari. 7. Coube a Funaro contactar Vaccari, à época responsável pelas finanças da Bancoop. Alcançou-o pelo celular. O primeiro encontro do corretor com Vaccari, presenciado por Valdemar, ocorreu na sede da Bancoop, na Rua Libero Badaró, em São Paulo. 8. Na conversa, disse Funaro à Procuradoria, Vaccari contou que lhe cabia intermediar as operações com os fundos, mediante pagamento de um “percentual para o partido [PT]”. Vaccari explicou que o PT dividira as operações dos fundos de pensão. Ele operava nos fundos grandes. Dos pequenos cuidava o petista Marcelo Sereno, à época um assessor do Palácio do Planalto. 9. Nos depoimentos, o delator fez menção a um segundo encontro que teria mantido com Vaccari. Trataram de um possível negócio na Funcef. Não deu detalhes, contudo. Tampouco informou se a trasação foi efetivada. 10. O primeiro depoimento de Funaro, aquele ocorrido em agosto de 2005, no Paraná, foi enviado a Brasília em dezembro do mesmo ano. Foi quando o STF, consultado, concordou em admitir o corretor como réu-colaborador do inquérito do mensalão. 11. Segundo Veja, parte das informações repassadas pelo delator foi usada na fundamentação da denúncia em que o então procurador-geral, Antonio Fernando de Sousa, acusou no Supremo os 40 integrantes da “quadrilha” do mensalão. 12. Os depoimentos do corretor teriam sido fundamentais, por exemplo, para destrinchar os negócios de três bancos –BMG, Rural e Santos—com os fundos de pensão geridos por petistas. 13. Quem corre os olhos pela reportagem de Veja sai do texto com uma pergunta irrespondida: por que diabos a Procuradoria não incluiu Vaccari como o 41º réu do mensalão? Não há na reportagem, de resto, manifestação do PT nem de seu tesoureiro. 14. A revista traz ainda novos detalhes sobre o caso que noticiara na semana passada. Estampa cópias de três cheques do episódio Bancoop. Durante a semana, falando ao Estadão, Vaccari dissera que os R$ 31 milhões sacados na boca do caixa pela Bancoop, que ele presidia, teriam sido "movimentações interbancárias". 15. Os cheques, obtidos mediante quebra de sigilo bancário da cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo, indicam coisa diferente: o dinheiro foi mesmo sacado na boca do caixa. 16. Um dos cheques, de R$ 50 mil, é nominal à própria Bancoop. Traz no verso a palavra “saque” e o código SQ21, que indica a retirada no caixa. Outro, de R$ 130 mil, é nominal à empresa Caso Sistemas de Segurança, do "aloprado" Freud Godoy. O terceiro cheque, de R$ 60 mil, não é da Banccop. Emitiu-o a Germany, uma empresa de ex-dirigentes da Bancoop, que tinha a cooperativa como cliente único. É nominal ao “Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores. Confira acima:

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