As seis centrais sindicais que promovem neste sábado (10) um ato pró-Dilma receberam, em 2009, R$ 80,9 milhões de um imposto recolhido pelo governo.
Chama-se Imposto Sindical. Rendeu no ano passado cerca de R$ 810 milhões. Desse total, 10% foram borrifados nas arcas das centrais.
O resto foi partilhado entre os sindicatos (60%), as confederações (20%), e o governo federal (10%).
O dinheiro é provido pelos trabalhadores brasileiros. Sindicalizados ou não, todos são obrigados a “contribuir” com valor correspondente a um dia de trabalho.
Urdido pelo PT para se contrapor ao lançamento da candidatura tucana de José Serra, o ato estrelado por Dilma Rousseff envolve meia dúzia de centrais.
As duas maiores são a CUT e a Força Sindical. A primeira beliscou R$ 26,7 milhões em imposto sindical no ano passado. A segunda, R$ 22,6 milhões.
As outras centrais são: UGT, NCST, CTB e CGTB. Não há, por ora, informação oficial sobre o custo do evento deste sábado.
Tampouco foi informado de onde veio o dinheiro. Sabe-se apenas que as centrais foram incumbidas de providenciar a platéia que vai aplaudir Dilma e Lula.
Sabe-se também que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT e sediado em São Bernardo, cedeu o seu auditório.
De resto, a CUT vai transmitir o evento ao vivo. Levou ao portal que mantém na web o mesmo link que o PT pendurou na sua página na internet.
Também o sindicato do ABC transmitirá no cristal líquido as palavras de Dilma e de Lula.
Numa tentativa de revestir o evento eleitoral com verniz corporativo, a CUT informa em seu portal que será discutido um documento elaborado pelo Dieese.
Trata do “comportamento do emprego e a qualificação profissional no Brasil”.
No informe da CUT, a reunião de São Bernardo destina-se a apresentar esse estudo a Lula. Dilma é mencionada de relance, junto com outros personagens.
Escreve a CUT: “Além de Lula, participam do evento a ex-ministra Dilma Rousseff, o ministro do Trabalo, Carlos Luppi...”
“...E o senador Aloízio Mercadante, que debaterão com os presidentes das entidades os resultados da pesquisa encomendada pelos trabalhadores”.
Mercadante, candiato do PT ao governo de São Paulo, e o ministro Lupi não são mencionados no texto levado à web pelo PT.
Ali, a candidata aparece em primeiro plano: “O Portal do PT transmitirá ao vivo, neste sábado (10), evento no Sindicato dos Metalúrgicos que terá a participação da ex-ministra Dilma Rousseff e do presidente Lula”.
Corre no STF uma ação que questiona a constitucionalidade do imposto sindical. É movida pelo oposicionista DEM, aliado de José Serra.
A oposição queixa-se da falta de clareza quanto ao uso que as centrais sindicais fazem do dinheiro. A prestação de contas é nebulosa. Não há discriminação das despesas.
No caso da CUT, a maior central do país, o imposto sindical responde por 40% do orçamento anual.
O resto do custeio da central vem dos sindicatos, que também participam do rateio do imposto sindical.
A Força Sindical, a segunda do ranking, comandada pelo PDT do ministro Lupi e do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o tributo representa 80% do sustento.
A pajelança de Serra será custeada com recursos dos três partidos que participam do evento: PSDB, DEM e PPS. Verbas do Fundo Partidário, fornido com verbas do Tesouro.
Sérgio Guerra, presidente do PSDB, diz que que o evento custou algo como R$ 500 mil. Os partidos terão de prestar contas da despesa no balanço anual que são obrigados a enviar ao TSE.
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