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sábado, 3 de abril de 2010

Lula se dá por vencido e Temer será o ‘vice’ de Dilma.

Está pavimentado o caminho que levará o deputado Michel Temer à posição de candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff. Em diálogo que manteve com um dirigente do PT, Lula disse que desistiu de “dar murro em ponta de faca”. Patrono do projeto Dilma-2010, Lula torcia o nariz para Temer. Buscava alternativas. A principal era Henrique Meirelles, presidente do BC. Lula desistiu de esmurrar a faca, segundo disse, porque Temer “fechou o PMDB”. Daí ter pedido a Meirelles que ficasse no BC. Concluiu que, levada às últimas consequências, a resistência a Temer poderia comprometer “o essencial”. E o que é “o essencial”? O apoio formal do PMDB a Dilma, com a cessão do tempo de televisão do partido à candidata. Para ser oficial, a adesão precisa ser formalizada em convenção. E o grupo de Temer controla a grossa maioria dos votos. O deputado “fechou o PMDB”, na expressão de Lula, em fevereiro, mês em que foi reconduzido à presidência do partido. Temer reteve a cadeira, que ocupa desde 2001, em costura que envolveu os protolulistas José Sarney e Renan Calheiros. De quebra, isolou o pedaço do PMDB que pende para o presidenciável José Serra, do PSDB. E fulminou a quimera da candidatura própria. Também o PT rendeu-se a Temer. Ouvido pelo repórter, uma liderança do partido disse que o futuro vice não renderá votos a Dilma. Porém... Porém, vai entregar à candidata um tempo de TV que, somado ao dos outros partidos da coligação, resultará na maior vitrine eletrônica da campanha. Estimou que Dilma terá à sua disposição algo como 45% de todo o espaço televisivo a ser partilhado entre os candidatos à sucessão de Lula. Num exercício retórico, o grão-petê explicou que, num cenário de disputa apertada, a televisão é tão importante para Dilma quanto o ar que a candidata respira. Disse que, menos conhecida que o rival Serra, Dilma usará metade do tempo para se apresentar ao eleitor. A outra metade servirá para vinculá-la à gestão Lula. Trabalha-se com a seguinte equação: Dilma + Lula x Continuidade = Favoritismo. Meirelles injetava na conta uma variável que poderia conspurcar o resultado. Esta será a segunda vez que Temer vai às urnas como candidato a um cargo executivo. A primeira tentativa resultou em fiasco. Deu-se em 2004, na eleição para prefeito de São Paulo, vencida por José Serra. Temer foi à disputa como vice de Luiza Erundina (PSB). A dupla beliscou escassos 4% dos votos dos paulistanos. Amargou um constrangedor quarto lugar. Deputado desde 1987 –primeiro como suplente, titular a partir de 1995— Temer receberia em 2006 um, por assim dizer, recado do eleitor. Tomado pelo número de votos que obteve (99.046), Temer não teria sido devolvido à Câmara. Serviu-se, na bacia das almas, das sobras do quociente eleitoral. Chegou ao Congresso com uma estatura menor que a exibida em 2002, quando amealhara sua melhor marca: 252.229 votos. Naquele ano, graças às articulações do grupo de Temer, o PMDB entregara seu tempo de TV ao tucano José Serra. O partido plantara na chapa de Serra, como candidata a vice, a deputada pemedebê Rita Camata (ES), hoje filiada ao PSDB. A vitória de Lula submeteu Temer a uma realidade adversa. Sob FHC, fora à presidência da Câmara duas vezes. Obtivera cargos na máquina pública. No primeiro mandato de Lula, perderia os cargos. E seria ultrapassado em prestígio por Sarney e Renan, lulistas de primeira hora. Reeleito em 2006, Lula decidiu ampliar sua base congressual. Encontrou em Temer um interlocutor maleável. Fragilizado pelas urnas miúdas e premido pela necessidade de recuperar o espaço que seu grupo perdera para a ala do Senado, Temer acertou-se com o governo. Firmou com o petismo um acordo que o faria presidente da Câmara pela terceira vez, no estratégico biênio 2009-2010. Ampliou-se para seis o número de ministros do PMDB. Entre os que foram à Esplanada, Geddel Vieira Lima, outro ex-aliado do tucanato. Geddel tornou-se o principal defensor do projeto de Temer. Candidato ao governo da Bahia, operou nos subterrâneos contra a conversão do cristão novo Meirelles em vice de Dilma. Sempre que o nome de Meirelles emergia nas manchetes, Geddel cuidava de lembrar ao PT que o prestígio do presidente do BC se restringia ao mundo das finanças. Cristão novo no PMDB, partido ao qual se filiou em setembro de 2009, Meirelles não arrastaria na convenção do partido um mísero voto para Dilma. Ficou entendido que a parceria eleitoral dependia da entrega da vice a Temer, guindado à condição de fiador do entendimento. A última pesquisa Datafolha como que aplainou a crista de Lula e do petismo. Embora competitiva, Dilma estacionou. E a vantagem de Serra foi a nove pontos. Para evitar reviravoltas, Lula desistiu de Meirelles. Pressentiu que era hora de garantir “o essencial”: o tempo de TV do PMDB. Digeriu Temer.

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