Em 2010, último ano do reinado de Lula, o governo torrou R$ 80 milhões com cartões corporativos –R$ 15 milhões a mais que em 2009. Um recorde.
Deve-se a compilação das despesas ao repórter Milton Júnior, do sítio Contas abertas
Criados em 2001, sob FHC, os cartões sorveram desde então da bolsa da Viúva notáveis 357,6 milhões de reais.
A repartição mais estróina é a Presidência da República. Responde pelo grosso das despesas: 105,5 milhões de reais nos últimos nove anos.
O governo se jacta de ter levado as despesas ao “portal da transparência”. Esquece-se de mencionar, porém, um famigerado detalhe.
Nada menos que 93% dos dispêndios feitos com cartões são sigilosos. Sabe-se que a grana saiu. Mas ignora-se o seu destino.
Sonega-se da platéia o essencial sob a seguinte alegação: os dados são “protegidos por sigilo, para garantia da segurança da sociedade e do Estado”.
No topo do ranking de gastadores de 2010 encontra-se o Ministério do Planejamento, que triplicou as despesas em relação a 2009: R$ 19,3 milhões.
Aqui, ao menos, há uma explicação palusível. O salto é atribuído ao manuseio de cartões por agentes contratados pelo IBGE para a realização do censo.
Sozinho, o IBGE respondeu por quase 90% do aumento de R$ 15 milhões anotado em 2010.
Logo a seguir vem a Presidência, com gastos totais de R$ 18,9 milhões. Tudo protegido sob o manto do sigilo.
Em 2007, como se recorda, o estouro dos cartões converteu-se em escândalo. O governo prometera, então, racionalizar as despesas.
Deu-se, porém, o oposto. A coisa avolumou-se. Onze órgãos tonificaram o uso do dinheiro de plástico.
Deus criou o dinheiro. E o homem se deu conta de que era boa a criação divina. Mas o diabo logo inventou o Imposto de Renda.
Desde então, os governos desfrutam do mais delicioso de todos os privilégios: o direito de torrar a grana alheia.
A idéia de que dinheiro público é grátis faz de toda tentativa de governo um ato de desperdício.
O Estado gasta a mancheias o que recolhe com mão grande. De quebra, chama de "contribuinte" o coletado involuntário.
Escrito por Josias de Souza
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