O primeiro debate entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado nesta quinta-feira (12) foi marcado por duas alianças de ocasião: a trinca Aloizio Mercadante (PT), Celso Russomanno (PP) e Paulo Skaf (PSB); e a dupla Geraldo Alckmin (PSDB) e Fábio Feldmann (PV). Já no primeiro bloco o tucano, líder nas pesquisas, foi o alvo, enquanto o petista ensaiou uma tabela com Russomanno.
Críticas à gestão estadual, comandada pelo tucano entre 2001 e 2006, se focaram nas áreas de saúde, educação e segurança pública. Sempre que teve oportunidade, a trinca fez perguntas ao candidato da situação, criticou as gestões tucanas em São Paulo e trocou elogios entre si. Do outro lado, Alckmin e Feldmann esfriaram o debate tratando de temas como alimentação, meio ambiente e modelos de gestão.
Diante da trinca de adversários, já no quarto bloco do debate da TV Bandeirantes, Alckmin disse haver "uma aliança estranha entre o PT e o malufismo [representado por Russomanno]. "Até as gravatas dos meus rivais são parecidas", disse o tucano, referindo-se também a Skaf, que estava ao lado de Mercadante. O petista retrucou: "O que todos estão vendo aqui é uma profunda solidão do PSDB e uma vontade geral de mudar".
A referência às gravatas ganhou tom de piada entre os jornalistas que questionaram os candidatos e também por Paulo Bufalo (PSOL), excluído dos dois grupos. "Como eu não tenho gravata, posso comentar com liberdade", ironizou o socialista. Foi o único momento de riso geral durante as duas horas de discussão na televisão.
Sinal inicial
O encontro começou com uma pergunta a todos os candidatos sobre os principais desafios para o próximo governante no Palácio dos Bandeirantes. Insinuando a tônica da discussão, Russomanno partiu para o ataque, com críticas à gestão tucana nas áreas de saúde, educação e segurança pública.
Ao fazer seus comentários iniciais, Mercadante elogiou os comentários de Russomano. Mais tarde, Skaf também mostraria argumentação na linha do petista e do pepista, embora com menos agressividade. PT, PSB e PP pertencem à base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alckmin tentou esfriar a discussão ao trocar perguntas com o candidato do PV, cujo partido apóia há anos as gestões tucanas no Palácio dos Bandeirantes. Mesmo quando não recebia perguntas, o tucano ouvia as críticas dos rivais à sua gestão e à de seu sucessor, Serra.
Mercadante apostou na longa permanência tucana no governo paulista para convencer os eleitores. “Depois de 16 anos que o PSDB governa o Estado de São Paulo, as áreas mais importantes não foram equacionadas como deveriam”, disse. O petista apontou o esvaziamento econômico do interior, o trânsito na capital e a segurança pública como principais desafios para São Paulo.
Em seus comentários, Russomanno foi quem pintou o cenário mais caótico para os paulistas. “Me diga um serviço público que funciona no Estado de São Paulo. Infelizmente nada funciona”, disse. “A polícia de São Paulo é a mais mal paga do país. E é ineficiente. A progressão continuada destruiu as escolas públicas. Quando as coisas não vão bem, a gente muda”, afirmou.
Alckmin afirmou que ao longo de sua gestão e da de Serra "o Estado de São Paulo avançou muito” e que cresce “desde 2004 acima da média nacional". “A locomotiva voltou de novo a pulsar forte”, disse o tucano, para quem “a obra prima do Estado é a felicidade das pessoas”. O tucano disse ainda que o PT de Mercadante só sabe fazer críticas sem propor soluções. "É muito fácil falar mal, falar mal de São Paulo", atacou.
Presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Skaf afirmou que saúde, educação e segurança são problemas velhos para os paulistas. Bufalo prometeu auditoria nas contas públicas do Estado e lembrou que entre os rivais está como Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), no debate da semana passada. Feldmann falou sobre a importância de aliar crescimento econômico e sustentabilidade.
Tabelas esfriam
O segundo e o terceiro blocos do debate abriram espaço para perguntas dos candidatos entre si. Exceto pela tabela Alckmin-Feldmann, todos os questionamentos incluíram críticas à gestão do líder nas pesquisas ou à administração do presidenciável Serra, que compareceu aos estúdios, mas deixou o local durante a transmissão.
O primeiro questionamento duro a Alckmin veio de Skaf: "É normal o lucro que as empresas que recolhem pedágios tem?", disparou. O tucano defendeu o modelo de concessões adotado nas rodovias estaduais, que, segundo ele, permitiu R$ 26 bilhões de investimento. "Não existiria a Nova Bandeirantes sem as concessões”, disse. E completou: “Os acidentes caíram quase 40% e 12 mil km de estradas vicinais foram recuperadas.” Na réplica, o candidato do PSB voltou a bater no lucro das concessionárias.
Quando teve o direito de perguntar, Mercadante também escolheu o tucano e criticou a educação em São Paulo. “Metade dos professores da rede publica não tem concurso, não tem carreira”, disse. Alckmin se defendeu dizendo que o PSDB reduziu a evasão escolar e construiu "a maior rede de escolas técnicas e Fatecs". Impedido de receber mais perguntas por conta das regras do debate, o ex-governador formou tabela com Feldmann para esfriar a discussão.
Russomanno se esforçou para apimentar a discussão, acusando a gestão tucana de omitir dados sobre mortes causadas por ação policial. Depois, afirmou que o governo paulista paga médicos para ficarem no trânsito de São Paulo. Alckmin esquivou-se em discussões com o candidato do PV sobre gestão, meio ambiente e alimentos.
No quarto bloco, os candidatos responderam perguntas dos jornalistas. Mercadante apostou na comparação de dados do governo Lula com os da gestão de Fernando Henrique Cardoso para somar pontos. Com provável menor audiência, como costuma acontecer nos últimos blocos de debates, Alckmin se esforçou para detalhar propostas e evitou o confronto com os rivais.
Enquanto Mercadante repetiu várias vezes o nome de Dilma Rousseff, sua candidata ao Palácio do Planalto, Alckmin referiu-se claramente à campanha de Serra apenas em seus comentários finais. Bufalo citou Plínio na abertura do debate. Feldmann não se referiu diretamente a Marina Silva, presidenciável do PV.
E o PT caminhando de braços dados com o malufismo e os empresários da FIESP. Como ficam os trabalhadores ostentados em sua sigla? Os que têm dignidade continuam na luta, os cooptados sobrevivem das migalhas que caem deste banquete.
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