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domingo, 22 de agosto de 2010

Vantagem de Dilma faz Lula exigir ofensiva em SP.

Presidente cobra "fatos políticos" para alavancar campanha de Mercadante.

Em comício no ABC, candidata petista diz que eleição não está ganha e tenta estimular a militância da sigla.

A candidata petista Dilma Rousseff e o presidente Lula, ontem, durante evento em Mauá


ANA FLOR
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A pesquisa Datafolha que mostra Dilma Rousseff (PT) com 47% das intenções de voto contra 30% de José Serra (PSDB) permitirá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedicar à campanha eleitoral em São Paulo - o maior temor dos tucanos.

Já na sexta à noite, em discurso em Osasco, Lula anunciou que sua prioridade na eleição é o Estado, governado há 16 anos pelo PSDB.

Ele cobrou da coordenação da campanha de Aloizio Mercadante a criação de "fatos políticos" para conquistar um triunfo no maior colégio eleitoral do país.

Apesar disso, em outro comício, realizado ontem em Mauá (SP), Dilma Rousseff minimizou a pesquisa e tentou estimular a militância.

"Pesquisa não ganha eleição para ninguém. Ganha uma eleição o povo votando no dia 3 de outubro", disse. "O que garante é a gente trabalhar de hoje até o dia 3, batalhar muito, perder muita voz e conversar com o povo."

Em discurso, a ex-ministra voltou a falar sobre o assunto: "Não podemos achar que o jogo acabou. Um bom jogador tem de jogar a partida inteira", disse. No entanto, pela primeira vez Dilma citou a perspectiva de triunfar no primeiro turno da eleição.

Lula disse acreditar que a ex-ministra tem menos votos entre as mulheres por preconceito, e elogiou a candidata. "Se eu tivesse um filho, e não tivesse a Marisa, eu dava para ela [Dilma] cuidar", disse Lula, ao falar da confiança que tem em Dilma.

Lula pediu que, até amanhã, a campanha de Mercadante crie uma lista de temas políticos para atacar a gestão tucana. No discurso, o presidente citou o primeiro deles: os pedágios. Disse que os valores cobrados nas estradas paulistas são "um roubo".

Na noite de sexta, Lula conversou com Mercadante, com o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, coordenador da campanha ao governo do Estado, e com o presidente do PT-SP, Edinho Silva.

VIRADA

Lula afirmou que suas participações na campanha no Estado, por meio da TV e de comícios, não são suficientes para virar a disputa. Segundo ele, é preciso "fatos políticos" para atacar os tucanos.

Mais tarde, ele criticou abertamente o discurso de se levar a disputa de São Paulo para o segundo turno. Ele cobrou que se defenda uma vitória no primeiro turno.

Com a vitória de Dilma no primeiro turno aparentemente encaminhada, tucanos temem que Lula se dedique a transferir seu prestígio para Mercadante, ameaçando a vitória até agora aparentemente fácil de Alckmin.

Além de São Paulo, Lula pretende concentrar sua participação na reta final da campanha em Minas Gerais, onde o pleito, apesar da vantagem do candidato lulista, Hélio Costa (PMDB), é considerado bastante acirrado.

Em São Paulo, segundo o último levantamento do Datafolha, Alckmin aparece com 54% das intenções contra 16% de Mercadante.

Uma maior participação de Lula na campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo era a maior preocupação de tucanos ontem.

As campanhas não sabem avaliar o impacto que a nova estratégia petista pode ter na eleição em São Paulo.

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