FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O futuro da oposição está próximo de uma tragédia com o avanço da candidatura de Dilma Rousseff (PT) a presidente. Também contribui para esse cenário o apetite de Lula por aumentar a bancada governista no Senado e reconquistar eleitores perdidos em São Paulo.
O PSDB e o Democratas, principais partidos anti-PT, correm o risco de serem alijados do centro e ficarem encurralados apenas no canto direito do espectro político.
Basta somar a chance de Dilma vencer no primeiro turno com as disputas estaduais para enxergar um desfecho plúmbeo a tucanos e democratas em 3 de outubro.
No caso do PSDB, o partido não está apenas prestes a perder nova chance de governar o Brasil, mas também de ficar sem dois dos mais emblemáticos Estados nos quais manda hoje: Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Se as pesquisas se confirmarem, o PSDB passará a ter como homem forte Geraldo Alckmin -favorito ao governo de São Paulo, mas rejeitado para ser presidente em 2006. Alckmin é hoje o representante principal das forças conservadoras no tucanato. É a direita da oposição.
Em Minas, mesmo se eleito, Aécio Neves vai virar um náufrago tucano no Senado se não conseguir eleger Antonio Anastasia ao governo.
No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius sobreviveu à possibilidade de impeachment em 2009, mas aparece num constrangedor terceiro lugar ao tentar a reeleição.
Já Serra, se perder, terá sua segunda derrota numa corrida presidencial. Às vezes em política um fracasso pode representar forças para o futuro, como no caso de Lula. Mas, para Serra, há perspectiva do inverso: ele pode ter neste ano menos votos do que na sua primeira tentativa, quando perdeu para o PT no segundo turno em 2002.
O Democratas, principal aliado tucano, segue os mesmos passos. Hoje, seus trunfos são possíveis vitórias aos governos de Santa Catarina e Rio Grande do Norte. Juntos, os dois Estados têm meros 5% do eleitorado nacional.
A sobrevivência da oposição num eventual governo Dilma dependerá de tucanos e de democratas terem capacidade para ampliar o público disposto a ouvi-los.
Com Alckmin, as chances podem ser razoáveis em São Paulo. Mas no restante do Brasil, PSDB e DEM terão de se reinventar. A percepção de que predomina um paulicentrismo conservador nas forças anti-PT só piora as coisas para quem deseja algum dia tirar os petistas do Planalto.
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