Caracas, 31 ago (EFE).- Franklin Brito, um produtor agrícola de 49 anos que manteve sucessivas greves de fome em protesto contra o Governo venezuelano faleceu na noite desta segunda-feira, segundo a imprensa local, que cita familiares.
O jornal "El Universal" informou em sua edição digital que a esposa de Franklin Brito, Elena, declarou que seu marido morreu por volta das 21h locais na segunda-feira (22h30 de Brasília).
De acordo com o jornal, Elena explicou que "os médicos avisaram da morte, mas não deram detalhes". Aparentemente, de acordo com o diário, o produtor teve um infarto e os médicos não conseguiram reanimá-lo.
Por sua vez, o canal "Globovisión" publicou um comunicado da família, que assinala que "após uma luta de mais de seis anos, oito greves de fome, a mutilação de um dedo e de ter sido vítima de uma privação de liberdade irregular, o corpo de Franklin Brito deixou hoje (segunda) de realizar funções vitais".
"Tudo isto não significa, no entanto, que Franklin Brito morreu. Franklin vive na luta do povo venezuelano pelo direito à propriedade, o acesso à justiça, pela vida em liberdade e o respeito dos Governos aos direitos humanos, coletivos e individuais", ressalta o comunicado.
Desde julho de 2009, Franklin Brito tinha realizado sucessivas greves de fome para protestar pela suposta desapropriação de suas terras no estado de Bolívar, sudeste da Venezuela.
Em junho, Brito, em greve de fome e sede, começou a receber tratamento de hidratação por parte de médicos da Cruz Vermelha Venezuelana, segundo a imprensa do país.
Na ocasião, o produtor pesava 43 quilos, e os médicos da Cruz Vermelha não puderam fornecer soro via intravenosa por conta de sua extrema magreza, segundo sua filha, Ángela Brito.
Brito tinha iniciado uma greve de sede para exigir que a Cruz Vermelha Venezuelana pudesse atendê-lo, já que não confiava nos médicos do Hospital Militar, onde permanecia desde dezembro contra sua vontade, segundo ele mesmo explicou.
Um tribunal de Caracas autorizou em junho a Cruz Vermelha a atender o produtor, horas depois que o vice-presidente venezuelano, Elías Jaua, disse que havia sido criada uma campanha sobre o caso do produtor agropecuário.
A campanha, segundo Jaua, buscaria "desvirtuar a verdade", e induzir o grevista à morte para que isso fosse entendido como um fato de violação dos direitos humanos por parte do Estado venezuelano.
Brito completou seu primeiro protesto em 10 de maio de 2005, quando, frente a repórteres que convocou em uma praça de Caracas, cortou o dedo mínimo de uma das mãos e ameaçou cortar um dedo a cada semana em protesto contra o governo Chávez.
Brito começou sua greve de fome em meados do ano passado, perante o escritório em Caracas da OEA e suspendeu o jejum em 4 de dezembro, apresentando exigências sobre suas propriedades. Como elas não foram aceitas, reiniciou greves de fome intermitentes.
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