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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Lobão dá a aliado da família Sarney cargo de assessor.

FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA


O ministro Edison Lobão (PMDB) trouxe de volta ao Ministério de Minas e Energia um assessor que foi grampeado pela Polícia Federal ao conversar com o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sobre pedidos de favores.

Assessor de Lobão no ministério até 2009, Antonio Carlos Gomes Lima, o Pipoca, como é conhecido, foi gravado em conversas com o empresário que mostram os dois ditando compromissos e marcando encontros na agenda do ministro, combinando o que o peemedebista deveria dizer a empresários e discutindo sobre contratos e nomeações no governo.

Para os investigadores, os diálogos configuram "tráfico de influência" --crime de solicitar ou obter vantagem para influir em órgão público, com pena de dois a cinco anos de prisão.

Pipoca não era o alvo da polícia, mas foi apontado pela PF como interlocutor frequente do principal investigado da Operação Faktor (ex-Boi Barrica), Fernando Sarney, já indiciado sob a acusação de crime de quadrilha, falsidade ideológica, gestão de instituição financeira irregular e lavagem de dinheiro. Em diferentes oportunidades, os dois discutiam atos de governo.

A nomeação de Gomes Lima, que reassumiu o comando da assessoria de comunicação do ministério, foi publicada no "Diário Oficial" de 10 de janeiro. Apesar de ter sido nomeado como assessor especial, é o chefe da comunicação do ministério.

Uma das conversas foi gravada com autorização da Justiça em 16 de setembro de 2008, quando Lima respondia pelo mesmo cargo. No diálogo, Fernando contou ao assessor de Lobão que marcou um jantar de negócios para o ministro para a semana seguinte: "Depois eu me acerto com ele [Lobão]".

Antes de os diálogos virem à tona, o nome do assessor do Ministério de Minas e Energia já havia aparecido nas denúncias de desvio de recursos da Petrobrás pela Fundação José Sarney no Maranhão. A mulher dele foi sócia de uma empresa, a Ação Livros e Eventos Ltda., que recebeu recursos da Fundação José Sarney oriundos da Petrobrás --Lima diz que a mulher estava formalmente afastada no período do convênio.

Ao deixar o ministério, em 2009, Lima foi para a Eletrobras como assistente da presidência e ainda ganhou uma cadeira no conselho de administração da Eletronuclear. A estatal se recusou a informar se Lima continua como assistente e qual o salário dele.

Procurado na última segunda-feira no escritório da Eletrobras em Brasília, a atendente informou que ele permanecia como funcionário do órgão mas despachava do ministério.

A legislação permite o acúmulo de dois cargos de confiança desde que um deles seja interinamente e que o funcionário opte por apenas uma das remunerações.

Funcionário do governo do Maranhão, Pipoca negou qualquer envolvimento com as ações investigadas pela PF e afirmou que foi cedido ao MME pela Eletrobras em janeiro deste ano. Disse que mantém relação de amizade com a família Sarney há 30 anos e que fez por Fernando Sarney o que poderia "feito por outra pessoa".

OUTRO LADO

Antonio Carlos Gomes Lima negou qualquer envolvimento com as ações investigadas pela Polícia Federal na Operação Faktor.

"Soube desses áudios pela imprensa. Não fui acusado de nada, nada fiz de errado, e não tinha porque solicitá-los", disse sobre as gravações da polícia em que aparece falando com alvos da investigação.

Além de ter assessorado Edison Lobão (PMDB) no MME, Lima já havia sido secretário de comunicação do peemedebista no governo do Maranhão e também de Roseana Sarney, filha do senador José Sarney.

Lima, que é conhecido como Pipoca, disse que mantém relação de amizade com a família Sarney há mais de 30 anos. Questionado sobre como responde aos que lhe chamam de "operador" dos Sarney, respondeu: "Nunca fui nem admito ser chamado assim por ninguém, pois seria um absurdo e um desrespeito inaceitáveis".

Afirmou ainda que não fez nada por Fernando Sarney que "não pudesse ser feito por outra pessoa".

Ele afirmou que foi cedido ao MME pela Eletrobras em janeiro deste ano. "A cessão de funcionário é feita mediante resolução da diretoria", disse, justificando por que sua saída não foi publicada no "Diário Oficial da União".

Técnico de nível superior do Estado do Maranhão há mais de vinte anos, Lima disse que pediu licença do cargo. Ele afirmou que voltou ao MME para atender a demandas da imprensa. "Atribuição do cargo que exerço". Esclareceu ainda que, em 2009, deixou o MME por problemas de saúde.

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