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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sem Dilma, sindicalismo acende uma vela para Aécio.


Na campanha eleitoral, as centrais sindicais levaram Dilma Rousseff ao altar. Hoje, descobrem que, no salário mínimo, santa de casa não faz milagre.

Às voltas com a perspectiva de derrota na Câmara, o baronato sindical decidiu acender uma vela no Senado.

Sob o comando do pseudogovernista Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), um grupo de sindicalistas pôs-se a venerar uma divindade da oposição: Aécio Neves.

Receptivo, o grão-duque do tucanato ofereceu seu gabinete para que os sindicalistas o convertam em púlpito do mínimo de R$ 560.

Contra os R$ 545 propostos pelo governo, o tucanato aferra-se aos R$ 600 que José Serra propôs na campanha. Mas Aécio vê virtude no meio:

"O PSDB tem compromisso com o salário de R$ 600. Mas o realismo da política nos orienta a ter alternativas. Vamos ficar com os R$ 600 até quando possível".

Aécio ocupa o gabinete que foi de Tasso Jereissati (PSDB-SP). Além dos móveis e da assessoria, herdou uma coleção de santos.

Animado com a presença dos fotógrafos, Paulinho, o deputado que preside a Força Sindical, levou as mãos à imagem de Padre Cícero.

Embora o Vaticano não o reconheça como santo, Cícero foi canonizado pelo povo do Nordeste, a região em que há mais trabalhadores de salário mínimo.

“Vamos tirar uma foto com o santo, que ele nos ajude”, propôs Paulinho. E Aécio, em timbre de reprovação: “Com os santos não se brinca”.

Nas páginas de ‘A Cinza do Purgatório’, Otto Maria Carpeaux (1900-1978) ensinou:

“O santo é um homem que possui a graça de levar o mundo mais a sério do que ele o merece; tão a sério que o seu caminho para o céu passa por esse mundo. Levar o mundo a sério é a lição dos santos”.

A aliança de ocasião do sindicalismo “virtuoso” com o tucanato “santificado” demonstra que, na política, a “lição dos santos” ainda não foi apreendida. Vivo, Bussunda diria: Fala sério!

Escrito por Josias de Souza

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