Na campanha eleitoral, as centrais sindicais levaram Dilma Rousseff ao altar. Hoje, descobrem que, no salário mínimo, santa de casa não faz milagre.
Às voltas com a perspectiva de derrota na Câmara, o baronato sindical decidiu acender uma vela no Senado.
Sob o comando do pseudogovernista Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), um grupo de sindicalistas pôs-se a venerar uma divindade da oposição: Aécio Neves.
Receptivo, o grão-duque do tucanato ofereceu seu gabinete para que os sindicalistas o convertam em púlpito do mínimo de R$ 560.
Contra os R$ 545 propostos pelo governo, o tucanato aferra-se aos R$ 600 que José Serra propôs na campanha. Mas Aécio vê virtude no meio:
"O PSDB tem compromisso com o salário de R$ 600. Mas o realismo da política nos orienta a ter alternativas. Vamos ficar com os R$ 600 até quando possível".
Aécio ocupa o gabinete que foi de Tasso Jereissati (PSDB-SP). Além dos móveis e da assessoria, herdou uma coleção de santos.
Animado com a presença dos fotógrafos, Paulinho, o deputado que preside a Força Sindical, levou as mãos à imagem de Padre Cícero.
Embora o Vaticano não o reconheça como santo, Cícero foi canonizado pelo povo do Nordeste, a região em que há mais trabalhadores de salário mínimo.
“Vamos tirar uma foto com o santo, que ele nos ajude”, propôs Paulinho. E Aécio, em timbre de reprovação: “Com os santos não se brinca”.
Nas páginas de ‘A Cinza do Purgatório’, Otto Maria Carpeaux (1900-1978) ensinou:
“O santo é um homem que possui a graça de levar o mundo mais a sério do que ele o merece; tão a sério que o seu caminho para o céu passa por esse mundo. Levar o mundo a sério é a lição dos santos”.
A aliança de ocasião do sindicalismo “virtuoso” com o tucanato “santificado” demonstra que, na política, a “lição dos santos” ainda não foi apreendida. Vivo, Bussunda diria: Fala sério!
Escrito por Josias de Souza
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