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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Caseiro nega depoimento a Serra e grava para Plínio.


Vitima de quebra de sigilo bancário em 2006, Francenildo Costa refugou um convite para gravar depoimento que iria ao ar na propaganda de TV de José Serra.

Hoje filiado do PSOL, o caseiro preferiu levar a voz e o rosto à vitrine televisiva do presidenciável Plínio de Arruda Sampaio.

Em notícia veiculada na Folha, as repórteres Andreza Matais e Ana Flor contam: depois de dizer “não” ao tucanato, Francenildo falou ao PSOL no sábado (4).

Sua fala será exibida no programa de Plínio desta terça (7). Num trecho, condena a violação de dados fiscais dos tucanos – um “crime bárbaro”.

Noutro, desautoriza o uso de sua imagem na publicidade de campanha de Serra. Ou seja, morderá governo e oposição.

"Digo que quebraram meu sigilo bancário porque denunciei corrupção, mas também mandei recado para partidos que ficam usando meu nome no programa eleitoral".

Desde a semana passada, o nome do caseiro frequenta a propaganda de Serra numa analogia do crime praticado contra ele e os malfeitos que alvejaram tucanos na Receita.

"Se continuar assim, todos nós seremos Francenildos", diz Serra na TV, depois de se declarar indignado com a vioalação dos segredos fiscais da filha, Verônica.

Em conversa com Matais e Flor, o caseiro como que ecoou Serra: "É inaceitável isso acontecer de novo. É mais um caso no currículo do governo Lula".

Se concorda, por que negou-se a gravar para os tucanos? Francenildo diz que o PSDB só se achega a ele em tempos de eleição:

"Quando foi com o Geraldo Alckmin [em 2006], também me procuraram, e falei que não dava para entrar no embalo".

No mais, esclarece: "Estou com Plínio". Conta que o PSOL queria fazê-lo candidato a deputado frederal. “Mas achei que era cedo”.

Torce para que a disputa presidencial escorregue para o segundo turno. Quanto ao caso de Verônica Serra, acha que terá desfecho diferente do seu.

O sigilo bancário de Francenildo foi quebrado na Caixa Econômica. Deu-se depois que ele fez, numa CPI do Senado, uma revelação incômoda.

Contara que Antonio Palocci, então cazar da economia, frequentava uma mansão brasiliense em cujas dependências trançavam-se pernas e interesse$.

Apeado da cadeira de ministro, Palocci foi denunciado pelo Ministério Público como mandante do gesto de cangaço bancário.

Em julgamento do ano passado, o STF absolveu-o. Os autos revelavam que, no dia da quebra, Palocci reunira-se com o então presidente da Caixa, Jorge Mattoso, no Planalto.

Rompido o sigilo, recebera em casa, fora do expediente, altas horas da noite, um envelope pardo com os extratos de Francenildo – vazados em seguida para uma revista.

A despeito dessas e de muitas outras evidências, o Supremo considerou que a PF não conseguira provar que partira de Palocci a ordem para a violação.

Como direia Roberto Jefferson, Mattoso "matou no peito". E foi ao banco dos réus do STF desacompanhado do do ex-chefe.

Corre na Justiça Federal de Brasília, de resto, um pedido de indenização ajuizado por Francenildo contra a Caixa. Coisa de R$ 17,5 milhões.

Em meio a tentativas frustradas de composição, o processo se arrasta na primeira instância do Judiciário, sem previsão de desfecho.

"Agora eu quero é ver como é que a Justiça vai se comportar”, afirma o caseiro.

“É uma filha de um candidato a presidente, não é a filha de um caseiro, de um trabalhador qualquer. Agora eu quero ver se eles vão apressar".

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