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terça-feira, 7 de setembro de 2010

No PDT, Dilma participou de uma das últimas brigas de Leonel Brizola.

No evento em apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, há três semanas, o PDT gaúcho se esforçou para mostrar que as rusgas da traumática saída dela da legenda, em 2000, eram página virada. Em um auditório repleto de fotos de Leonel Brizola, algumas com Dilma, lideranças do partido discursaram sobre as origens trabalhistas da candidata.

Quando um deles afirmou que Brizola, se vivo, estaria naquele palco apoiando Dilma, uma voz da plateia gritou: "Se estivesse vivo, Brizola morria de novo".

Vinda de um pedetista inconformado ou de um agitador, a frase relembrou um dos últimos embates de Brizola, morto em 2004.

Há dez anos, Dilma e outros três ocupantes do primeiro escalão do governo Olívio Dutra (PT) decidiram deixar o PDT, que, ao romper com o PT, entregou os cargos. Brizola foi virulento. Chamou os dissidentes de "traidores". Disse que Dilma era "uma grande oportunista" em busca de cargos.

FUNDADORA

Dilma e Brizola se conheceram no final dos anos 70. A opção pelo PDT resultou do interesse do então marido de Dilma, Carlos Franklin Paixão Araújo, pelo trabalhismo. Durante sua prisão pela ditadura militar, Araújo se dedicou a estudar políticos bons oradores e passou a admirar Brizola. Depois de flertar com o PT e com Lula, Araújo e outras lideranças no Estado optaram pelo PDT.

O casal chegou a ir a Lisboa para se encontrar com Brizola, antes de ele voltar ao Brasil, com a anistia.

Enquanto o ex-marido, advogado trabalhista, seguiu o caminho das urnas, concorrendo a cargos públicos --foi quatro vezes deputado estadual --, Dilma ocupou cargos técnicos, de indicação política. "Ela parecia ter atuação coadjuvante de Araújo, mas era um dos melhores quadros técnicos e intelectuais", afirma o presidente nacional do PDT, Vieira da Cunha.

Nas discussões internas do partido, tinha voz forte. Em um debate sobre a suspensão ou não de Pedro Ruas (hoje no PSOL) por críticas públicas à gestão Collares, Dilma bateu de frente com a primeira-dama, Neuza Canabarro.

Segundo Araújo, os debates na residência do casal, que atraíam políticos de diversas matizes, tinham participação ativa de Dilma.

Ela atuou na coordenação de campanhas, em especial as de Araújo a deputado e à prefeitura. Foi também responsável pela montagem dos planos de governo de Alceu Collares e Emilia Fernandes.

Em 1998, na campanha em que Brizola foi candidato a vice de Lula à Presidência, Dilma defendeu uma aliança com o PT no Estado. O PDT gaúcho, que vivia às turras com os petistas locais, preferiu a candidatura própria.

Emilia não foi para o segundo turno, e Dilma ajudou a construir o apoio do partido a Olívio Dutra, decisivo para a vitória do petista ao governo. Acabou sendo indicada para a Secretaria de Minas e Energia, na cota do PDT.

Os dois partidos se desentenderam em 2000, por causa da disputa pela prefeitura. Collares, candidato pedetista, foi um dos que mais criticaram os dissidentes. Hoje chega a dizer que Dilma "fez a coisa certa" ao permanecer no governo petista: "Conosco [PDT] ela fez um curso de alfabetização política".

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