NOELI MENEZES
DE BRASÍLIA
Cinco anos após o maior escândalo de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que não entende como o processo do mensalão do PT teve continuidade na Justiça. Segundo ele, o caso é baseado em acusação de um deputado, Roberto Jefferson (PTB), que foi cassado porque não apresentou provas das denúncias que fez.
A declaração foi feita em entrevista à TV Senado que irá ao ar na sexta-feira, às 21h30, no programa "Cidadania".
Lula não citou Jefferson nominalmente e, ao ser questionado sobre a lição que tirou do episódio, defendeu que os responsáveis pelo esquema de compra de votos de congressistas "paguem o que tiverem de pagar".
O ex-deputado e presidente do PTB acaba de formalizar aliança com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
O processo do mensalão está no STF (Supremo Tribunal Federal) e tem 39 réus, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A corte rejeitou pedido para tornar Lula réu no caso.
Na entrevista, o presidente defendeu a reforma política, projeto que sua administração não conseguiu emplacar, e disse que, ao deixar o cargo, se tornará militante em favor da proposta.
Alvo de cinco multas por propaganda eleitoral antecipada para a candidata a presidente Dilma Rousseff (PT), Lula atribuiu as punições a brechas na Lei Eleitoral, que, segundo ele, não regulamenta a pré-campanha. Mas afirmou que vai pagar as multas, que já somam R$ 37,5 mil, se perder os recursos.
Ao fazer um balanço da sua gestão, o presidente defendeu a alta carga tributária do Brasil, dizendo que não conhece nenhum país desenvolvido que arrecade pouco imposto.
Também fez mea culpa sobre os juros altos. Afirmou que gostaria de governar com taxas mais baixas, mas alegou que precisa administrar com responsabilidade e que, no momento, essa é a fórmula para conter a inflação.
Lula também defendeu a política externa de sua gestão e a tentativa frustrada de acordo nuclear do Irã com o Ocidente intermediada por Brasil e Turquia. Segundo o presidente, as decisões mundiais importantes não podem mais ser tomadas por dois ou três países.
O Brasil, assim como os demais países emergentes, não pode mais desempenhar um "papel de segunda grandeza" no cenário internacional, disse.
Questionado sobre o reajuste de 7,72% aos aposentados que recebem mais de um salário mínimo e o veto ao fim do fator previdenciário, afirmou que seu sucessor terá que fazer uma nova reforma da Previdência, repensando o modelo atual porque a expectativa de vida do país cresceu e o sistema, como está, não suporta essa realidade.
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