No Brasil, como se sabe, há mais partidos de programa do que programas de partido. Tome-se o caso do PMDB pós-redemocratização.
Tornou-se um partido, digamos, maleável. Quando sua ideologia não dá mais pé, muda para outra que exale o cheiro de poder.
Tisnado pela má fama, o ex-partido de Ulysses Guimarães tenta agora submeter-se a uma nova cirurgia plástica.
Acomodou sobre o papel um conjunto de ideias. Deu a esse ideário o nome de programa.
Nesta quarta (9), um Michel Temer prestes a escalar o altar, levou a peça a Dilma Rousseff, a candidata a noiva.
O “casal” exibiu-se às câmeras meio sem jeito. As lentes do repórter Lula Marques, sempre inconvenientes, capturaram um flagrante de falta de sincronismo.
Dilma estendeu a mão para seu pretendente. Temer, como que hipnotizado pelos flashes, não se deu conta.
Para não estragar a pose, a noiva viu-se compelida a agarrar a mão do virtual parceiro, apertando-a.
Num instante em que o matrimônio, por interesseiro, frequenta o noticiário com a aparência de patrimônio, Temer fez um esforço para salvar as aparências.
Referiu-se à junção do PMDB com o PT como "uma aliança político-eleitoral programática".Esmiuçou o raciocínio:
“Isso significa que vamos fazer verdadeiramente um presidencialismo de coalizão...”
“..No Brasil, mais do que nunca, surge a necessidade de coalizão partidária que não se dá depois da eleição...”
“...Ela está se formulando na campanha, e se dá não apenas por ajustamento político, mas junção de ideias".
O que conspurca o idealismo verbal de Temer é o fato de que, à sua volta, vicejam personagens decididos a extrair do ideal partidário o máximo lucro.
Esta foto é o panorama exato do que se transformou o atual partido dos trabalhadores ao chegar ao poder; ao desfrutar das benesses do capitalismo tão criticado outrora, passaram a integrá-lo de corpo e alma, na esperança e no afã de desfrutar de um Boeing exclusivo, helicópteros, praias particulares e palácios. No velho discurso tudo isso seria socializado entre os diversos companheiros que dormem sobre os leitos pútridos dos córregos, em seus míseros barracos urbanos ou sob as marquises e viadutos das grandes cidades.
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