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terça-feira, 1 de junho de 2010

Sem prorrogação de prazo, Alan Neto demite 133 comissionados.

Wellington Alves 01/06/2010 10:13

O presidente da Câmara Municipal, vereador Alan Neto (PSC), demitiu na tar­de de ontem 133 funcioná­rios comissionados que tra­balhavam no Legislativo.

Ele tentou prorrogar por mais 45 dias o prazo para exone­rar os servidores, mas teve o pedido negado pelo juiz Ra­fael Tocantins Maltez, da 2ª Vara da Fazenda Pública.

Entre os demitidos estão setores estratégicos, como diretoria de plenário, licita­ção e jurídico. Com isso, o andamento dos trabalhos na Casa de Leis deve ser pre­judicado. Neto admitiu que não sabe como ocorrerá a sessão de hoje sem os fun­cionários. "Virou um caos (a Câmara). Tem setores que se precisa de assinatura do funcionário e não teremos. Infelizmente em toda a mi­nha vida foi a primeira vez que assinei algo com dor no coração", desabafa.

Neto elaborou um proje­to de lei (PL) que deve ser encaminhado às comissões técnicas nesta terça-feira que reestrutura novamente os cargos na Câmara Muni­cipal. A proposta destina a maioria das vagas para con­cursados e não comissio­nados, apesar de garantir alguns cargos estratégicos em comissão. Neto reclama que o PL poderia ter sido vo­tado às pressas se a sessão de quinta-feira não tivesse sido encerrada pela falta de vereadores em plenário. "Se aprovasse o projeto, extin­guia-se a ação judicial. Tem gente que só pensa no pró­prio nariz", murmura.

Se não demitisse os 133 comissionados, o presidente da Câmara teria que pagar multa diária de R$ 5 mil. Ele conseguiu na terça-feira pas­sada um documento em que o promotor Zenon Lotufo concordava com a prorroga­ção do prazo para exonera­ções por 45 dias. Contudo, na quinta-feira o juiz indefe­riu o pedido.

O líder do Governo, verea­dor Zé Luiz (PT), acredita que faltou habilidade administra­tiva à Neto. "Nós sabíamos que o Judiciário era contrário aos cargos desde novembro. Ele deveria ter procurado uma solução antes." O pe­tista afirma que não votará a nova reestruturação dos car­gos às pressas. "É um projeto complicado para ser aprova­do sem discussão prévia. Ele exclui o cargo de taquígrafo, dando a entender que quer terceirizar o serviço. Não vou votar no afogadilho."

Entenda o caso - Em ju­nho do ano passado os vere­adores aprovaram projeto de lei de reestruturação da Casa de Leis. Dos 133 cargos, 76 são de funcionários antigos, que foram realocados em novos postos. Já os 57 car­gos criados foram repartidos entre apadrinhados dos vere­adores. Alguns iam à Câmara assinar a lista de presença para não ter desconto de salário e ficam a disposição dos parlamentares. Outros realmente são atuantes na Casa de Leis. As novas fun­ções geraram um acréscimo de R$ 300 mil aos cofres pú­blicos.

A decisão do Judiciário de exoneração dos comissio­nados tomou por base uma ação civil movida pelo Minis­tério Público, após denúncia do ex-vereador Edson Alber­tão. O despacho da 2ª Vara julga que os cargos comissio­nados deveriam ser vincula­dos diretamente à Presidên­cia da Câmara Municipal, o que não foi o caso da rees­truturação. Foram nomeados assessores, agentes de gabi­netes e outras funções.

Um comentário:

  1. Este absurdo não deveria acontecer em nenhum órgão público, infelizmente acontece. Ora! Setores estratégicos não podem ficar na mão de comissionados! CARAMBA! E ainda mais nomeados irregularmente!
    Esta situação já se arrasta há muito tempo e sempre estão querendo empurrar mais um pouquinho com a barriga, neste caso PARABÉNS ao Dr. Rafael Tocantins Maltez. É um absurdo se chegar a este ponto, onde o funcionamento de uma Câmara Municipal do porte de Guarulhos, segundo município do estado de São Paulo, depender exclusivamente do trabalho de comissionados, e o pior, como consta da reportagem "apadrinhados políticos".

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