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sábado, 10 de julho de 2010

Senhoras pró-Dilma fazem nota de ‘repúdio’ a charge.

Ao reproduzir aqui no blog a peça acima, de autoria do célebre cartunista Nani, o repórter despertou a ira do PT e adjacências. A revolta corre a web.

Nesta sexta (9), o signatário do blog recebeu de um grupo de mulheres pró-Dilma Rousseff uma “nota de repúdio”. O texto vai abaixo:

“A charge do cartunista Nani, reproduzida no blog do jornalista Josias de Sousa no dia 8 de julho de 2010, é absurda, indigna e ofensiva não só à dignidade da candidata Dilma Rousseff, mas extensiva a todas as mulheres brasileiras, independente de suas escolhas político-partidárias.

Só em uma sociedade midiática, em que predominam ainda valores machistas, é possível veicular “impunemente” uma charge tão desqualificadora das mulheres e tão discriminadora com as profissionais do sexo, as quais ainda se constituem como objeto de usufruto masculino.

Além do desrespeito e deselegância presentes na charge sobre a mulher na política, esta candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo e as injustiças sociais, a charge reforça o preconceito sexista em relação as mulheres na política, desqualificando-as e fortalecendo o poder masculino.

Por onde irá se conduzir a ética dos comentaristas e chargistas políticos no vale-tudo da campanha eleitoral abrigados sob o teto da liberdade de imprensa?"

Brasília, 8 de julho de 2010

Segue-se um rol de signatárias. Duas dezenas, ao todo. Os nomes e respectivas qualificações podem ser conferidos lá no rodapé.

Agora, meia dúzia de palavras do repórter sobre a inusitada polêmica. A reprodução eventual das peças de Nani aqui é motivo de júbilo pessoal. O cartunista é precedido por sua história. Dispensa apresentações e elogios. Realiza um trabalho criativo, crítico e apartidário.

A charge que ateou fogo no petismo insere-se, com rara precisão, no contexto dos dias que correm, marcados pelo vaivém programático do PT e de Dilma. Em meio ao protocola e desprotocola do partido, sob o ato de assinar e desassinar da candidata, desfiou-se um rosário de contradições.

Primeiro, o ácido programa de governo do PT. Depois, o texto água-com-açúcar, mais ao gosto do PMDB e do imenso etc. enganchado à coligação oficial. Rendido à lógica do politicamente correto, o petismo desperdiçou a graça da charge. Compreensível, já que, no seu caso, a graça se confunde com a desgraça.

O repórter tem a felicidade de se incluir entre os que acham que o humor, por ser coisa séria, deve compreender também o mau humor. Por vezes, deve ser ácido, como no caso em questão. Dizem as senhoras pró-Dilma que “a candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo...”

Verdade. Daí o espanto de vê-la associada, por conveniência eleitoral, ao “conservadorismo” que outrora a levara ao cárcere. Afirma-se que a charge, além de “desqualificar” as mulheres”, “discrimina” as profissionais do sexo”. Tolice.

A perversão exposta no desenho não é a física. O que se expôs, com mordacidade inaudita, foi a prostituição ideológica. Seja como for, é confortante notar que as senhoras pró-Dilma, aferradas a um falso moralismo, já absorveram o fato de o PT ter deixado a história para cair na vida.

É de perguntar, contudo: Por onde se conduzirá a ética da neo-esquerda no vale-tudo da campanha eleitoral, abrigada sob o teto da governabilidade? No mais, resta lamentar que a reação seja seletiva. Aqui mesmo, no blog, veiculou-se, em 30 de maio, uma outra charge do Nani.

O personagem central não era Dilma, mas José Serra. O candidato tucano foi “retratado", noite alta, procurando um vice na rua, em meio a “velhinhos de programa”. Reveja abaixo:

É pena que o feminismo das senhoras pró-Dilma não tenha permitido que enxergassem a "ofensa" aos “profissionais do sexo” masculino. Sob ameaça de arrostar um processo judicial do PT, Nani disse ao repórter Claudio Leal que seu maior receio é outro:

“Só espero que o PT não crie o Ministério do Humor e entregue ao PMDB!” O repórter, pessimista inveterado, teme que a pasta vá à cota do PT. A propósito, Nani divulgou no sítio que mantém na internet um rol de charges que produziu na era FHC. Anotou: “Já eles não chiaram”.

Nem “eles” nem o PT, diga-se. Nessa época, o petismo tinha mais, digamos, senso de humor. Hoje, perdeu a graça.

- Lista de signatárias da “nota de repúdio”: 1) Lourdes Bandeira, professora doutora da UNB; 2) Hildete Pereira de Melo, professora doutora da UFF; 3) Severine Macedo, secretária Nacional da Juventude do PT; 4) Liege Rocha, secretaria Nacional da Mulher do PCdoB; 5) Marcia Campos, presidente da FEDIM; 6) Elza Campos, coordenadora Nacional da UBM; 7) Cecilia Sadenberg, professora doutora da UFBA; 8) Madalena Ramirez Sapucaia, professora da PUC-RJ; 9) Rachel Moreno, Observatório da Mulher; 10) Laisy Moriére, secretária Nacional de Mulheres do PT; 11) Angélica Fernandes, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 12) Rosangela Rigo, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PT-SP; 13) Alessandra Terrible, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 14) Fabiana Santos, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 15) Fátima Beatriz Maria, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 16) Kátia Guimarães, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PTMS; 17) Maria Teles do Santos, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PT-SE; 18) Paula Beiro, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 19) Raquel Auxiliadora, Coletivo Nacional de Mulheres do PT; 20) Suely de Oliveira, Coletivo Nacional de Mulheres do PT.

Fonte: Blog do Josias.

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