Lessa e Collor: ex-presidente confirmou apoio a antigo rival no segundo turno em Alagoas
Durou apenas cinco dias o silêncio do senador Fernando Collor de Mello (PTB), após a derrota nas urnas, no último domingo. Nesta quinta-feira (7), em entrevista coletiva, o ex-presidente anunciou apoio ao histórico adversário Ronaldo Lessa (PDT), que enfrenta no segundo turno em Alagoas o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Antes da entrevista, o partido presidido por Collor em Alagoas leu uma nota de apoio não só a Lessa, mas também à presidenciável Dilma Rousseff (PT), cuja eleição Collor como “fundamental para o país”. O motivo apontado por ambos para aliança foi a “necessidade” de derrotar o atual governador, que foi apoiado por Lessa em 2006.
“Esse é um governo que passou quatro anos governando de costas para o povo. Vou conversar com todos os candidatos de oposição para que eles nos deem, assim como o presidente Collor, uma procuração para defendê-los agora. O povo precisa retomar o poder”, discursou Lessa, pedindo que todos os eleitores de Collor votem nele neste segundo turno.
Após um inédito abraço de pazes e a cola do adesivo com o número 12 [de Lessa] no peito, Collor ressaltou que o principal ponto que o levou a apoiar o agora ex-adversário foi o fato de ele pertencer à base aliada do governo federal. “Definimos essa parceira com absoluta convicção. Por isso nos encontramos nesse momento, em busca de uma Alagoas diferente, que tanto nos infelicitou nos últimos quatro anos. Nossos programas têm vários pontos coincidentes, mas o principal é pertencermos à base de apoio ao presidente Lula”, disse.
Nas respostas aos jornalistas, Collor não poupou elogios a Lula e a Dilma (apesar da indiferença de ambos à candidatura dele no primeiro turno), e foi irônico ao comentar pela primeira vez o fato de ter tido seu nome usado – negativamente – pelo presidenciável José Serra (PSDB) na propaganda eleitoral. “Não sabia dessas críticas. Não tive o desprazer de assistir a esses programas”, disse.
Ferrenho opositor de Collor, o PT de Alagoas também mudou o discurso e já considera Collor um “importante aliado do presidente Lula no Senado”.
“Há uma grande importância, relevância, satisfação nessa aliança. O sentimento de aprovação foi verbalizado por diversas pessoas [do partido]. Fazer política, que é a arte de fazer o bem, é saber que as nossas semelhanças são maiores que as nossas divergências. A divergência não se apaga, mas os objetivos, em determinado momento, se tornam mais importantes”, disse Brito, que, antes da definição das candidaturas, em junho, afirmou que “o PT não apoiaria Collor em hipótese alguma”.
Brito ainda ressaltou que a aliança do partido com Collor em Alagoas foi referendada “com satisfação” pela direção nacional do partido. “Prova disso é que foi garantido que Lula e Dilma virão a Alagoas no segundo turno, quantas vezes for necessário. A eleição em Alagoas é uma prioridade, pois o PT enfrenta aqui uma candidatura unidade de PSDB e DEM, que representam a pior oposição contra Lula”, afirmou.
Collor e Lessa possuíam, até esta quinta-feira, um das maiores rivalidades da política alagoana. Eles protagonizaram dois grandes duelos nas urnas, em 2002 e 2006, com uma vitória para cada lado. Há oito anos, Lessa conquistou o direito à reeleição ao governo do Estado ao derrotar o senador ainda no primeiro turno. Quatro anos depois, o troco: Collor bateu Lessa na disputa pelo Senado. No primeiro turno de 2010, Lessa ficou à frente de Collor por apenas 4,7 mil votos.
Sinceramente não me surpreendo se de repente aparecer no horário político um cidadão barbudo, plagiando seu correligionário de coligação afirmando: “Se a Dilma não for uma excelente presidenta! Nunca mais votem em mim.”
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