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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Posição em relação ao aborto e casos de corrupção no Brasil ameaçam vitória esmagadora de Dilma.

Dilma muda posição sobre o aborto para tentar vencer ainda no primeiro turno; candidata perdeu 6 milhões de votos na última semana.

A 36 horas das eleições presidenciais brasileiras, a questão do aborto pôs em apuros Dilma Rousseff, a candidata do presidente Lula da Silva. Sua mudança de opinião nesse assunto, do qual era uma firme defensora, e os casos de corrupção que teve de enfrentar nas últimas semanas ameaçam o que se presumia uma vitória arrasadora no primeiro turno e poderão obrigá-la a disputar um segundo turno.

Há apenas um ano, a candidata do Partido dos Trabalhadores era favorável à descriminalização do aborto. "É uma questão de saúde pública", afirmou Rousseff à revista "Marie Claire". "Existe uma quantidade enorme de mulheres no Brasil que morrem por abortar em circunstâncias precárias."

Seus dois maiores adversários nas eleições, o social-democrata José Serra e a candidata do Partido Verde, Marina Silva, se declararam desde o início contrários à legalização do aborto, devido à forte pressão religiosa tanto da Igreja Católica quanto das Igrejas evangélicas, que movimentam milhões de votos. Silva, que é evangélica, declarou-se pessoalmente contra a liberação do aborto por motivos de fé, mas abriu a porta para um referendo para conhecer a opinião da sociedade. Ambos, Serra e Silva, acusaram na quinta-feira sua rival de ter mudado de posição por motivos "eleitorais" e de ter duas faces.

Os últimos escândalos de corrupção fizeram Dilma perder 6 milhões de votos em menos de uma semana. Mesmo assim, a candidata governista freou sua queda nas pesquisas eleitorais e manteve uma ampla vantagem sobre seus adversários, mas não se descarta que tenha de disputar um segundo turno. Se as eleições fossem hoje, Dilma teria 47% dos votos, enquanto José Serra obteria 28% e Marina Silva, 14%, segundo uma pesquisa da Datafolha, divulgada na quinta-feira pelo jornal "Folha de S.Paulo".

Dilma precisa de mais de 50% dos votos para evitar o segundo turno. Preocupado com essa possibilidade, o que levaria Dilma a se expor a mais um mês de campanha, Lula da Silva decidiu ajudá-la a recuperar votos com uma jogada típica de campanha eleitoral.

Lula pediu que Dilma se reunisse com os líderes de todas as confissões religiosas e declarasse abertamente que "é contra o aborto". Foi o que a candidata fez na quarta-feira; insinuou que nunca foi a favor da legalização do aborto, mas mostrou-se partidária de que o Estado não abandone as mulheres que abortam em situações de risco para suas vidas.

Os bispos católicos, assim como a maioria dos evangélicos, pediram a seus fiéis que não votem em Dilma devido a suas posições a favor da interrupção da gravidez. Enquanto isso, ela negou categoricamente a frase que percorre os fóruns da Internet: "Nem Jesus Cristo me fará perder estas eleições".

"Jamais faria uma afirmação semelhante", afirma a candidata. Um de seus colaboradores explicou a "El País" que ela costuma dizer que "Será Deus quem lhe dará a vitória". Um claro apelo ao profundo sentimento religioso dos brasileiros, apesar de ela nunca se ter declarado uma mulher religiosa.

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